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Por conta própria, voluntários doam tempo a quem precisa: 'Se todo mundo fizesse um pouquinho, tudo estaria melhor'

Por PATRICIA em 12/06/2022 às 07:41:21

Histórias ouvidas pelo g1 mostram que voluntariado não exige, necessariamente, vínculo com instituições, e que pequenas atitudes são capazes de transformar realidades. Café do Bem: todo domingo voluntários servem refeições no centro de Curitiba

Arquivo pessoal

Ajudar o próximo e transformar realidades são ações que podem ser feitas mesmo de forma independente e voluntária, sem vínculos com organizações. É o que mostram experiências ouvidas pela reportagem e contadas a seguir.

Quatro anos atrás a servidora pública Renata Oliveira, de 35 anos, e uma amiga tiveram a iniciativa de, em um domingo, reunir alimentos que tinham em casa e preparar um café da manhã para pessoas em situação de rua. A ação foi espontânea e, conta ao g1, teve muita receptividade por parte de pessoas.

Renata relata que desde os 14 anos de idade faz trabalhos voluntários e que a ideia de criar o "Café do Bem" surgiu ao ver um grupo religioso que distribuía marmitas na Praça Rui Barbosa, no centro de Curitiba.

ONGs dão suporte à população em situação de rua em Curitiba; veja como ajudar

Ela percebeu que era raro iniciativas de distribuição de alimento no domingo de manhã. Então, uma vez por mês, a servidora passou a reunir amigos e parentes, cerca de dez pessoas, e servir o café da manhã em um ponto em frente à Santa Casa.

A voluntária afirma que muitas vezes perguntam se o grupo é vinculado a alguma igreja, ou organização: "Não, somos um grupo de amigos", diz.

Voluntários tiveram que se adaptar à pandemia

Arquivo pessoal

Em março de 2020, a pandemia obrigou os voluntários a se adaptar, e as refeições passaram a ser servidas em kits individuais. Renata relata como, de lá para cá, percebeu o aumento do número de pessoas em situação de rua.

"Piorou muito. Tem muitos domingos que faltam [kits]. A gente começa 8h30, 6h já tem fila", afirma.

As redes sociais também ajudam a mobilizar a rede de voluntários que hoje soma cerca de 200 pessoas.

Hoje, o grupo consegue realizar o Café do Bem todo domingo, distribuindo 250 kits - no início, eram cerca de 50. Mensalmente os voluntários também entregam cestas básicas a 42 famílias da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e realizam ações especiais em datas comemorativas como Natal, Páscoa e Dia das Crianças.

"Parece muito pouco, mas a gente consegue fazer a diferença na vida de uma pessoa pelo menos. Se todo mundo fizesse um pouquinho, dentro da sua realidade, da sua possibilidade, tudo estaria melhor. É uma ideia utópica de estar fazendo a minha parte", afirma a servidora.

Para Renata Oliveira, o projeto também conecta pessoas de realidades completamente diferentes, além de uni-los em torno de um mesmo objetivo. Saiba como apoiar e ser voluntário do Café do Bem.

Café do Bem: iniciativa começou com grupo pequeno e hoje serve 250 refeições semanalmente

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'Pata' amiga

A estudante de Filosofia Jessica Santos Pereira, de 25 anos, viu na própria história inspiração para transformar a vida dos outros. Aos quatro anos de idade, ela teve o cachorro de estimação roubado e, ainda adolescente, começou a resgatar cães abandonados, levá-los para castrar, e a ajudar a encontrar um novo lar para os bichinhos.

Porém, foi após resgatar o vira-lata Valentim, em um dia de chuva, que ela passou a perceber como o contato com os animais pode ser uma terapia. Na época, ela enfrentava uma depressão profunda por conta da morte da irmã.

Valentin: animação do cachorro contagia

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Percebendo o bem que o convívio com Valentim a fazia, ela também passou a levar o cachorro na casa de um amigo considerado bastante tímido e introspectivo, mas que se transformava com a alegria do animal.

Até que, em março, uma funcionária de uma casa de repouso de Curitiba perguntou nas redes sociais sobre cães disponíveis para visitar os idosos que moram na instituição. A parceria deu tão certo que, hoje, senhoras tricotam até roupinhas para o visitante.

Presença do cachorro Valentin muda o dia a dia de casas de repouso

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A estudante fala que sempre que pode leva Valentim na casa de repouso para a "cãoterapia". De porte pequeno, o cachorrinho se "adapta" aos colos, e transforma o dia dos idosos que recebem a visita. Alguns chegam a se emocionar ao ver o bichinho.

"Sabe, preenche o coração. Eu me sinto útil, e é uma ajuda espontânea. Esse pequeno gesto transforma o dia de quem vive na casa de repouso", relata Jéssica.

Senhoras que recebem a visita do cão costuram roupinhas para ele

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Gratidão em dobro

Foi só ao chegar em um lar de idosos para cortar o cabelo da mãe de uma de duas clientes que a cabeleireira Deborah Baía de Jesus percebeu que poderia aproveitar para fazer uma boa ação.

Naquele dia, ela se ofereceu para também arrumar os cabelos das cerca de 25 demais senhoras que moravam na instituição.

A ação voluntária foi extremamente bem recebida e, desde então, ela presta esse serviço em dois lares de idosos em Curitiba, mais ou menos a cada três meses. Deborah conta que a transformação vai muito além do cabelo cortado ou escovado das clientes.

"Eu acho que quando você faz aquilo que você ama, que você sabe fazer, e dá o seu melhor, tudo que vem, vem em dobro. A gratidão, o carinho desses vovôs e vovós não tem preço. É muito gratificante". afirma.

Transformação além do visual

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O que te move?

Questionada sobre o que a move a dedicar parte do seu tempo ao trabalho voluntário, a estudante de Psicologia Lara Essenfelder, de 22, confessou nunca ter pensado nisso e disse que a própria família sempre teve a cultura de ajudar o próximo. Hoje, o voluntariado é uma paixão, conta a jovem.

Ela trabalha, faz faculdade, e sempre que pode visita casas de repouso para idosos e de longa permanência.

"Parece fácil, mas não é. A única coisa que ele [idoso] quer é ser escutado. Eu vou lá e escuto, eu não vou para cuidar deles, eu vou para escutar eles. E ele se sentem realizados. [...] Esse momento de estar ali com elas, como se fosse uma neta, para acolher elas", relata Lara.

Lara conta que apenas parar e escutar o outro nem sempre é fácil

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A estudante planeja, quando se formar, poder atender a preço social, mais acessível. "Tudo que eu faço é para o próximo. Eu acredito que eu sempre posso fazer mais, eu ainda acho que eu faço o mínimo ", afirma.

Parte das senhoras que recebem a visita da jovem têm, por exemplo, Alzheimer. Mas reconhecem o tempo que Lara dedica a elas.

"É quando eu fico tranquila, onde eu posso ser eu, onde eu vou fazer o bem. O que me move é entender que eu não to vivendo só para mim, que eu não to sendo egoísta pensando só em mim".

A estudante de psicologia Lara Essenfelder ao centro, de óculos e jaleco

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Fonte: G1

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