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Policiais contam que Wanderson não demonstrou arrependimento durante depoimento

Por PATRICIA em 05/12/2021 às 01:22:37

"Hora de se entregar"

Com fome e frio, Wanderson apareceu na manhã de ontem em uma fazenda em Mocambinho, distrito de Gameleira. Cinda Mara Siqueira, moradora que o convenceu a se entregar, conta os momentos de medo que viveu ao lado do foragido. "Era em torno de 6h30 da manhã, meu esposo saiu para buscar leite em outra fazenda quando ele (Wanderson) bateu na janela com o revólver, apontou a arma para mim e disse que ia me matar", relata. De acordo com Cinda Mara, Wanderson estava com medo do cerco da polícia e de morrer. "Disse que estava com fome. Consegui manter a tranquilidade para não me exaltar e não demonstrar que estava com medo dele. Eu fui fria", pontua.

Cinda conta, ainda, que, durante todo o tempo Wanderson ficou com o revólver na mão. "Levei ele até a cozinha, estava com muita fome. Peguei uma camisa do meu marido e o entreguei, porque ele também estava com frio. O tempo todo ele estava com a arma na mão. Depois ele disse que ia embora porque a polícia ia chegar e prendê-lo", recorda. Quando o esposo da fazendeira estava chegando em casa, Wanderson quis fugir, mas Cinda salientou ao acusado que era o momento de se entregar às autoridades. "Ele queria ser levado para Corumbá de Goiás, mas meu marido disse que não, que estávamos em Gameleira e que o levaríamos para lá. Ele entregou a arma e fomos", explica.

Durante coletiva de imprensa, Cinda também explicou a selfie que tirou com o suspeito para provar que estava com o foragido. "O que estava acontecendo é que muitas pessoas passavam informações desencontradas. Aí eu disse para ele (Wanderson) se deixava eu tirar uma foto. Eu tive o discernimento de mandar a foto para o prefeito de Gameleira e ele enviar para algum policial", detalha.

Religiosa, Cinda reiterou, ainda, que foi Deus que a protegeu. "Naquele momento que ele (Wanderson) estava aqui eu sentia a presença de Deus", reforça. Após as oitivas, Wanderson foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) e logo depois para o Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiás.

Justiça

Os familiares de Raniere Aranha, 19 anos, e de Geysa Aranha, 2 anos e 9 meses, tentam lidar com a dor enquanto buscam por justiça. Foram dias de sofrimento até que o criminoso se entregasse. Para o motorista de caminhão e morador de Corumbá de Goiás Odair José Coelho, 43 anos, tio de Raniere, que estava grávida de 4 meses, o desejo é de que ele pague pelo que fez e pelo sofrimento que causou.

Após ficar sabendo que o Wanderson se entregou, Odair e a família se sentiram aliviados. "Que a justiça de Deus seja feita. A gente pede muito isso, porque não vai trazê-las de volta, mas pelo menos ameniza um pouco da dor que estamos sentindo", conta. "Quem é a gente para condenar os outros, mas a prisão para ele é pouco pelo que ele fez", acrescenta Odair.

O tio pede orações e acredita que a fé em Deus vai ajudar a amenizar tamanha dor. "A gente tem pedido muita oração para confortar nossos corações, principalmente para quem tem menos estrutura, como é o caso do meu irmão (pai da Raniere)", ressalta o motorista. Ele explica que o pai da jovem sofre com o alcoolismo e precisa de ajuda da família, além de temer uma piora após a perda da filha e da neta. "Meu irmão estava desesperado sem coragem de entrar na própria casa depois do que aconteceu", comenta Odair.

Alívio

A prisão também foi motivo de alívio para os moradores de Gameleira de Goiás. A notícia da prisão de Wanderson pegou todos de surpresa, mas a sensação de segurança invadiu a casa de todos. É o que diz o morador local Hugo Vinícius de Souza. "O sentimento é de felicidade porque ela conseguiu que ele se entregasse e gratidão também", ressalta.

Feliz com o desfecho da história, Hugo revela que os moradores pretendem dar um título para Cinda Mara por ter conseguido levar Wanderson até a polícia. Para ele, o criminoso foi até a propriedade da fazendeira com o intuito de matá-la. "Agora a gente (moradores) está fazendo uma campanha para ela ganhar o título de Cidadã Gameleirense", disse o morador.

Condenação

A pena de Wanderson pode ultrapassar os 200 anos de prisão, de acordo com o delegado Tibério Martins Cardoso, da 3ª Delegacia Regional. Na região de Corumbá, o caseiro foi indiciado pelos crimes de feminicídio, aborto, furto qualificado, porte de arma, homicídio qualificado e latrocínio. A soma destes crimes pode chegar a 112 anos, podendo ser aumentadas em até 45 anos. "Existem agravantes, como o fato de ele matar a namorada na frente do filho, por exemplo. Mas isso fica a critério do juiz que irá julgar o caso. Se alcançar o limite máximo, a condenação dos crimes de Corumbá pode chegar a 157 anos", explica.

No Maranhão, Wanderson seria indiciado pelo crime de homicídio qualificado, mas, segundo o delegado Tibério, por ser menor de idade, o caseiro não irá responder pelo crime. "Ele teria até os 21 anos para responder, mas como já alcançou essa idade, vai passar impune", explica. No crime de Minas Gerais, Wanderson deve responder por tentativa de feminicídio, e pode ser condenado a pena de 12 a 30 anos de prisão. Ele deve ser denunciado também pela morte do taxista, e pode pegar de 20 a 30 anos.

Fonte: Correio Braziliense

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