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Advogada muda de carreira, vence depressão e redecora a vida para superar a 'síndrome do ninho vazio'

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Por PATRICIA em 08/06/2024 às 06:37:14

Andréia Couto, de 53 anos, entrou em depressão quando os dois filhos casaram e saíram de casa. Atualmente ela trabalha como decoradora, profissão que a ajudou a superar os momentos difíceis e, inclusive, rendeu um prêmio de primeiro lugar em competição que aconteceu em Portugal. Andréia Couto é decoradora de Guarujá (SP) que venceu prêmio internacional de decoração

Arquivo pessoal

A arte de decorar devolveu cor à vida de uma advogada que entrou em depressão e teve a síndrome do ninho vazio depois que os filhos se casaram. Esse foi o segundo momento difícil vivido por Andréia Couto, que em 2005 perdeu um filho de dois anos em um acidente. Ela se reencontrou quando deixou a advocacia para atuar como decoradora, profissão que a ajudou no processo de cura e lhe rendeu um prêmio internacional.

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Moradora de Guarujá, no litoral de São Paulo, a mulher de 53 anos decorou o casamento dos dois filhos em 2018. Apesar da felicidade de ver as 'crianças' formando suas próprias famílias, encontrar a casa vazia a fez entrar em depressão.

Andréia já tinha preparado festas para amigos e familiares, como se fosse um hobby, mas ao organizar as cerimônias dos filhos tudo ficou claro. Era essa a profissão que deveria seguir, que a deixava feliz. A transformação de vida, inclusive, foi incentivada pelo marido, que percebeu a esposa mudada.

Ela abriu a "Afestejar Eventos", que a levou até a final de um reality show voltado a decoração, em 2019. Já neste ano, conquistou o primeiro lugar por votação popular na categoria "Festas e Eventos" na premiação em Portugal. "A decoração, hoje, é a minha vida, o meu respirar. Eu encontrei o meu propósito", disse ao g1.

Andréia se tornou decoradora após organizar os casamentos dos filhos

Arquivo pessoal

Perdas e depressão

A família de Andréia enfrentou momentos difíceis em 2005, quando o bebê de dois anos dela se afogou na piscina de casa e morreu. O pequeno brincava com o irmão e uma prima no quintal em frente à casa, mas deu a volta no imóvel sem ninguém ver e caiu na água. Ele chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas não resistiu.

"Ele era o xodó. E, de repente, quando tudo isso aconteceu, foi como se me tirassem o chão. E os meus [outros] filhos me sustentaram durante todos esses anos", explicou ela.

Andréia atuava como advogada e era assistente de um juiz, fazendo audiências de conciliação. A pretensão era prestar magistratura, mas, devido à fatalidade, ela ficou "sem chão" e condições de estudar para realizar as metas que havia estipulado. Assolada pela depressão, acabou abrindo mão desse sonho.

Como decoradora, ela se encontrou. Ao mesmo tempo em que é grata pelo conhecimento adquirido com o Direito, sente que a atual profissão é o que preenche seu coração. "A gente respira, por mais difícil que as coisas sejam. Às vezes, a gente respira e segue em frente. E eu estou aqui, seguindo em frente", comemorou.

Andréia com os filhos e o marido no casamento da filha

Arquivo pessoal

O que é a síndrome do ninho vazio?

Segundo a psicóloga Eliana Gardini, para algumas mulheres o importante papel da maternidade ocupa todos os espaços da vida desde o nascimento dos filhos. Quando eles saem de casa, elas precisam ressignificar esse papel. "Esse vazio vem acompanhado de tristeza, sentimento de menos valia e por vezes até um quadro depressivo", disse.

A neuropsicóloga Marina Drummond ressaltou que a distância gera uma espécie de luto. Sendo assim, é como se não houvesse mais sentido em seguir em frente. Em casos como os de Andréia, que perdeu um filho anos atrás, há ainda outros fatores contribuindo para o quadro.

Caso identifique os sinais, o recomendado é buscar um profissional e iniciar a psicoterapia. "O importante é deixar a dor te transformar em uma pessoa melhor, aprender alguma coisa", orientou Marina.

Um processo natural

Victoria Riskowsky, também psicóloga, destacou que a síndrome pode ser avaliada como algo cultural. "Quando os pais, em determinada cultura, enxergam como uma parte natural do ciclo da vida os filhos saírem de casa e atribuem outros sentidos pra suas próprias vidas, isso não é visto como um sofrimento", disse.

VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos

Fonte: G1

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