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Fugas, rebeliões e mortes: demolição do Caje completa 10 anos; relembre histórias do centro de internação no DF

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Por PATRICIA em 29/03/2024 às 12:56:24

Primeira unidade de internação da capital funcionou por 38 anos e registrou 30 mortes de internos e funcionários. Local deveria receber centro de lazer para jovens, mas Tribunal de Justiça do DF ainda estuda projetos e destinação de recursos. Demolição do Caje completa 10 anos; relembre histórias do centro de internação no DF

A demolição do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), em Brasília, completa 10 anos nesta sexta-feira (29). A primeira unidade de internação para adolescentes da capital foi marcada por rebeliões, fugas e mortes (veja vídeo acima).

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O prédio construído em 1976, no fim da Asa Norte, acumulava problemas de infraestrutura e segurança. A instituição chegou a abrigar 470 internos, tendo vagas apenas para 162, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Vários adolescentes tendo que revezar para poder dormir. Teve uma época que a gente chegou a revezar comida porque não tinha alimentação para todo mundo. Ter que compartilhar roupas também porque a grande maioria dos adolescentes não tinha visita", conta o professor e ex-interno Emerson Franco.

Ao longo dos 38 anos de funcionamento, 30 adolescentes e dois servidores morreram dentro do Caje. As ocorrências frequentes chamaram atenção do CNJ que, em 2010, pediu ao GDF para demolir o centro de internação.

"Tivemos muitos problemas de mortes, adoecimento dos servidores, brigas. Muitos problemas que eram resolvidos na unidade, mas que eram de uma agressividade muito grande. Muitos conflitos de gangues", relembra Renato Vilela, um dos ex-diretores do centro.

"Era uma unidade hiper lotada e, por conta, disso era quase impossível seguir um programa de ressocialização dos jovens", completa o juiz da 2ª Vara da Infância do DF Márcio da Silva.

Caje deu lugar ao Fórum da Infância e Juventude, em Brasília

TV Globo/Reprodução

Em março de 2014, quatro anos após o pedido, o complexo do Caje começou a ser desativado. O terreno pertence ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e foi cedido ao GDF para o que, à época, era chamado de reformatório.

Depois da demolição do Caje, a direção da Corte prometeu a construção de um centro de cultura e lazer para crianças e adolescentes. No entanto, após 10 anos, a promessa ainda não saiu do papel. Segundo o TJDFT, os projetos e a destinação dos recursos ainda estão em estudo. Atualmente, no local, funciona o Fórum da Infância e Juventude.

Já os detentos foram levados para novas unidades de internação, afastadas do Plano Piloto. Atualmente, nove estão funcionando em São Sebastião, Planaltina, Santa Maria, Recanto das Emas e Brazlândia.

Relembre alguns dos momentos marcantes do Caje:

Setembro de 1997

Internos começaram uma rebelião após o então diretor do centro Paulo Reis anunciar que sairia do cargo. Jovens subiram no telhado e queimaram colchões.

Agosto de 1999

A maior fuga da história do Caje foi registrada em agosto de 1999, quando 26 internos fugiram. De acordo com relatos da época, os adolescentes deixaram o centro de internação quando os portões foram abertos para o recolhimento do lixo.

Outubro de 2000

Bombeiros e a tropa de choque da Polícia Militar tiveram que entrar no Caje depois que internos se rebelaram. O motivo foi a água da chuva que entrava nas celas. Eles colocaram fogo em colchões e fizeram quatro monitores reféns. Um dos agentes desmaiou por causa da fumaça.

Agosto de 2006

Quatro internos fugiram por um buraco feito no chão de uma das celas. Um dos detentos arrancou o vaso sanitário do chão para fazer um túnel de 2 metros de comprimento e facilitar a fuga.

Junho de 2012

À época, seis fugas foram registradas em menos de um mês.

Veja fotos do Centro de Atendimento Juvenil Especializado:

Fugas e rebeliões: demolição do Caje completa 10 anos; relembre histórias do centro de internação

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Fonte: G1

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