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Após críticas de atletas, gestão Tarcísio cancela corrida de automobilismo no complexo do Ibirapuera, Zona Sul de SP

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Por PATRICIA em 15/02/2024 às 09:13:28

O campeão olímpico Joaquim Cruz postou um vídeo nas redes sociais mostrando que a base da pista de atletismo estava destruída por tratores, contrariando decisão do Conpresp e do Iphan. A cena revoltou a categoria e obrigou a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) a se manifestar sobre o assunto. A Secretaria de Esportes disse que está revitalizando o espaço. Complexo do Ibirapuera tem pista de atletismo destruída para sediar evento de automobilismo.

Reprodução

O governo de São Paulo cancelou nesta quarta-feira (14) um evento de automobilismo que ocorreria no Complexo do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. A corrida da categoria drift foi alvo de severas críticas da comunidade do Atletismo, após a Secretaria de Estado de Esportes e Lazer destruir a pista histórica de atletismo do Estádio Ícaro de Castro Melo, dentro do complexo, para realização do evento.

Na segunda-feira (11), o campeão olímpico Joaquim Cruz postou um vídeo com imagens da base da pista de atletismo sendo destruída por tratores. A imagem revoltou a categoria e obrigou a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) a se manifestar sobre o assunto.

"Não existe prova de automobilismo em pista de atletismo. É inaceitável. Nada contra o drift ou o automobilismo, mas provas de automobilismo são realizadas em autódromos", disse ao G.E o presidente do Conselho de Administração da CBAt, Wlamir Motta Campos.

"A base da pista de atletismo do Ibirapuera não foi construída para suportar eventos de corridas automobilísticas e terá um custo mais elevada para a sua restauração", escreveu Joaquim Cruz nas redes sociais.

Conforme o g1 publicou em 2023, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp) abriu processo de tombamento do Complexo do Ibirapuera. Em novembro de 2021, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também havia tombado provisoriamente o local.

Com isso, o governo de SP é proibido de fazer qualquer intervenção sem a devida autorização dos órgãos competentes.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Esportes da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que cancelou o contrato de locação do Estádio Ícaro de Castro Mello para o evento automobilístico previsto para 9 de março.

"A Pasta reitera seu compromisso com a reforma do Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães e destaca que as tratativas para este fim com o Iphan e demais órgãos estaduais estão em andamento. A revitalização da pista de Atletismo é prioridade desse projeto, vez que a modalidade é e continuará sendo protagonista desse equipamento público", afirmou.

O g1 procurou o Conpresp e o Iphan para saber quais as medidas que serão tomadas diante da intervenção feita pelo governo paulista no local, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.

O governo de SP disse que o processo de tombamento no Iphan e no Conpresp diz respeito apenas às fachadas e, portanto, as intervenções não precisam de autorização dos dois órgãos.

Porém, na época do tombamento provisório pelo Iphan, a então presidente do órgão, Larissa Peixoto, disse que "não poderão, em caso nenhum, ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de 50% do dano causado".

O que diz a empresa da corrida

Comunicado da Ultimate Drift sobre o cancelamento do evento no complexo do Ibirapuera.

Reprodução/Instagram

Por meio de nota publicada nas redes sociais, a empresa Ultimate Drift - responsável pela realizaçãoda corrida automobilistica no estádio disse que "não enxerga motivos para que mais de um esporte não possa ser realizado no mesmo local".

A empresa disse que, com recursos próprios, está arcando com a retirada do piso que estava completamente deteriorado e que isso vai abrir caminho para a instalação no local de uma pista de atletismo revitalizada e profissional (veja imagem acima).

"Reforçamos que a realização de um evento como a Ultimate Drift que conta com pilotos internacionais, trará repercussão mundial e mais visibilidade a um espaço histórico tão importante para o esporte mundial, mas que há anos não recebe nenhum grande evento esportivo fazendo com que a nova geração mal saiba da existência do espaço, sendo que o evento da Ultimate drift poderá ser utilizado para que esta nova geração passe a conhecer a história do Local e ajude a incentivar a revitalização do mesmo para que possa voltar a receber eventos de atletismo. Além da gerar milhares de empregos diretos e indiretos, movimentando a rede hoteleira e trazendo movimentação economica e turismo para cidade de São Paulo", diss.

Histórico da disputa

Projeto do governo de São Paulo para a modernização do Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, Zona Sul de São Paulo.

Reprodução

O Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, é alvo de disputa entre atletas e o governo de SP desde a gestão do ex-governador João Doria (Sem partido), que planejada erguer no local uma arena multiuso coberta para 20 mil pessoas no lugar do estádio de atletismo.

O ex-governador chegou a apresentar um projeto onde o espaço também receberia dois edifícios comerciais e o atual ginásio do Ibirapuera seria transformado em shopping center.

Na decisão do tombamento provisório pelo Iphan, Larissa Peixoto, presidente do instituto na época, certificou que as propriedades do Conjunto Desportivo, a partir da data do tombamento, "não poderão, em caso nenhum, ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de 50% do dano causado".

O tombamento abrange o Ginásio do Ibirapuera, o Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro, o Estádio Ícaro de Castro Mello, o Conjunto Aquático Caio Pompeu de Toledo, o Palácio do Judô, quadras de tênis e prédios de administração.

Em nota enviada em 2021, o governo de São Paulo informou que tomaria "todas as medidas, sejam elas administrativas ou judiciais, para reverter a decisão publicada hoje pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)". Segundo o texto, o estado considera que não há "qualquer fundamento que ampare o tombamento provisório das instalações do Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães (Ibirapuera)".

Tombamento do Conpresp

Complexo esportivo do Ibirapuera inclui estádio com pista de atletismo e ginásio

Reprodução/Governo de São Paulo

.aO Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) arquivou nesta segunda-feira (30) o pedido de abertura de processo de tombamento do Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, onde fica localizado o ginásio do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo.

O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp) votou pela abertura do processo de tombamento do Complexo do Ibirapuera, na Zona Sul da cidade, em abril de 2023.

O tombamento também abrange o Ginásio do Ibirapuera, o Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro, o Estádio Ícaro de Castro Mello, o Conjunto Aquático Caio Pompeu de Toledo, o Palácio do Judô, quadras de tênis e prédios de administração.

Segundo a nota enviada pela Secretaria Municipal da Cultural, pasta a qual o Conselho é ligado, o assunto será enviado para o Departamento de Patrimônio Histórico (DPH).

Decisão frustrou planos

Com o tombamento dos dois órgão , qualquer mudança arquitetônica no espaço fica proibida até que os estudos do Iphan sejam concluídos e o órgão dê um veredito final sobre o valor histórico arquitetônico do complexo, mesmo com a rejeição do tombamento feita pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), em novembro do ano passado.

O pedido de tombamento foi acolhido pelo Iphan, órgão ligado ao Ministério do Turismo, em 30 de dezembro de 2020, após solicitação do arquiteto Ricardo Augusto Romano Sant'Anna, frequentador do espaço. A abertura do processo paralisou temporariamente o projeto de concessão do complexo à iniciativa privada, promovido pelo governo do estado de São Paulo.

Em maio de 2021, o Iphan realizou uma visita técnica no Complexo do Ibirapuera a fim de dar seguimento ao processo de tombamento do conjunto. Na ocasião, o ex-governador João Doria chamou a decisão do Iphan de "descabida" e disse que o complexo não tem "valor arquitetônico que mereça ser mantido" como está, apenas "valor afetivo".

Concessão do Complexo do Ibirapuera causa polêmica

Carta pública

Um grupo de professores e pesquisadores da FAU-USP afirmou que estava "extremamente preocupado" com o destino que a gestão Doria pretendia dar ao complexo esportivo do Ibirapuera. Eles são signatários de uma carta pública aberta à comunidade que deu origem ao movimento chamado "S.O.S Ginásio do Ibirapuera".

O grupo criou uma petição online que reuniu mais de 6 mil assinaturas e pediu a preservação do prédio, tal qual ele foi concebido. Também se posiciona contra o projeto do governo tucano de conceder as áreas do complexo a empresas privadas.

"O projeto [de concessão], tal como estruturado, representa séria ameaça à integridade física e ao funcionamento de um equipamento esportivo que, além de ser muito utilizado na formação de atletas no Brasil, é constitutivo da história da cidade de São Paulo e realização fundamental da história da arquitetura brasileira. Além disso, tem grandes valores de uso e afetivo pela comunidade esportiva que dele faz intenso uso desde os anos 1950", diz a carta pública do movimento.

Publicação do grupo "S.O.S Ginásio do Ibirapuera", que quer o tombamento do ginásio na Zona Sul de SP.

Reprodução/Redes Sociais

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Fonte: G1

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