De fraque e cartola com mensagens sobre a importância da demarcação das terras dos povos originários, calunga arrastou multidão. Homem da Meia-Noite emocionou foliões, com homenagem a povos indígenas
Mais uma vez as ruas do Sítio Histórico de Olinda ficaram lotadas para acompanhar a saída do calunga do Homem da Meia-Noite de sua sede, no 92º desfile. Este ano, o desfile homenageou os povos originários, com o tema "Terra Indígena". O povo Xukuru do Ororubá, de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, o Caboclinho 7 Flexas e o cantor Marron Brasileiro foram representantes da homenagem.
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Com 2 metros de altura, o calunga vestiu um traje especialmente confeccionado pela estilista Dai Molina. Na cartola, mensagens sobre a importância de demarcar as terras indígenas. "Demarcação já! Salve a mata. Democracia é demarcar território. Povos indígenas diversos. Pernambuco terra ancestral" eram alguns dos dizeres do adereço.
No fraque branco, um mapa do Brasil, com a seguinte frase: "Brasil, terra indígena". Na parte de baixo, setas, apontando para a parte de cima, para o colar de palhas do Sertão, elemento usado no artesanato indígena, que representou a riqueza da região.
Calunga do Homem da Meia-Noite saiu da sede social, na Estrada do Bonsucesso e tomou as ladeiras do Sítio Histórico de Olinda
Reprodução/TV Globo
Além disso, o calunga também usou colares de sementes, representando as várias etnias indígenas de Pernambuco.
Paulinho 7 flexas, artesão, bailarino e presidente do Caboclinho 7 flexas, de Água fria, falou ao g1 sobre a alegria de receber a deferência do Homem da Meia-Noite.
"Para mim, estar aqui é a maior alegria do mundo. O Homem da Meia-Noite levando a cultura do caboclinho, que ainda é tão esquecida, mas que tem encontrado reconhecimento. Na noite de hoje estou com 50 componentes na praça reservada ao caboclinho, a galera da Bomba do Hemetério, do Alto do Pascoal, do Córrego do Deodato, do Córrego da Padaria, do Alto José do Pinho. Também estamos representando várias comunidades", disse, emocionado.
A multidão começou a se concentrar Estrada do Bonsucesso, em frente à sede do bloco, desde o início da noite de sábado (10).
"É uma relação que não tem explicação, me arrepio todinho só de falar dele. E seguir, então, é melhor ainda. Quando está faltando 1 minuto para o calunga sair, o chão treme", disse o empresário Raul Menezes, que mora ao lado da sede do Homem da Meia-Noite.
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A advogada Andréa Araújo contou que o Sábado de Zé Pereira é um dia especial para ela. "A gente vem aqui todo ano, compra camisa. O calunga, com aquele sorriso, com aquele dente de ouro, atrai. Ele tem uma parte sedutora, mas também tem sua parte política, a história, a roupagem. Sábado para gente é um dia especial. Ficamos horas só na janela esperando", disse Hélida Cristina, acompanhada das amigas Carolina Quirino e Andrea Araújo.
O desfile seguiu pelas ruas e ladeiras do Sítio Histórico (veja roteiro aqui). Ao final do percurso, o calunga entrega a chave da cidade de Olinda para a troça Cariri Olindense, que amanhece o domingo arrastando os foliões para mais um dia de carnaval na Cidade Alta.
Homem da Meia-Noite homenageou povos indígenas no 92º desfile pelas ladeiras de Olinda
Reprodução/TV Globo
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