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Lei sancionada incentiva o turismo sobre duas rodas na capital do país

Pedalar pelos mais de 675 quilômetros de malha cicloviária em 30 regiões administrativas do Distrito Federal pode ser um atrativo a mais para quem vem de fora e quer conhecer os principais cartões-postais da capital do país, como a Catedral Metropolitana, o Estádio Nacional Mané Garrincha ou a Ponte JK.

Por PATRICIA em 23/01/2024 às 05:21:26

  • Dono da agência de cicloturismo, Graco Santos, 56, guia grupos de até 15 pessoas Dono da agência de cicloturismo, Graco Santos, 56, guia grupos de até 15 pessoas Kayo Magalhães/CB/D.A Press
  • Cicilista James Soares, 57, é dono da BeeBike, agência de cicloturismo em parques do DF Cicilista James Soares, 57, é dono da BeeBike, agência de cicloturismo em parques do DF Kayo Magalhães/CB/D.A Press
  • Consciência ambiental

    A proposta também busca incentivar o turismo de forma sustentável e o uso da bicicleta como meio de transporte para exercitar a consciência ambiental. De acordo com a Secretaria de Mobilidade (Semob), o DF possui uma das maiores malhas cicloviárias do país, com 664,77 km em 30 regiões administrativas. Para atender a demanda turística, será feito um mapeamento dos acessos aos pontos mais visitados dentro dessa malha.

    O traçado dos circuitos e rotas vai considerar aspectos como bacias hidrográficas, relevo e formação histórica, cultural e social de cada região. Com isso, será priorizada a interligação entre sistemas cicloturísticos, infraestrutura cicloviária rural e urbana, garantindo o acesso popular e investindo em vias de menor fluxo de veículos motorizados.

    Em 2023, a malha cicloviária do DF cresceu 31km, com obras em quase todas as regiões do DF, em especial na Estrada Parque do Contorno (DF-001), nas proximidades do Jardim Botânico, Núcleo Bandeirante, Candangolândia e no Gama. Na DF-440, próximo a Sobradinho, os moradores receberam uma pista para bicicletas com quase 6km de extensão. A via que liga o Núcleo Bandeirante à Candangolândia também oferece mais de 3km de ciclofaixa. Nas proximidades do Assentamento 26 de Setembro, um espaço de 4km exclusivo para bikes foi entregue para a população.

    Conselheiro da ONG Rodas da Paz, Raphael Dornelles afirma que o DF tem uma geografia favorável para o cicloturismo. "A meu ver, poderia ser uma ferramenta de manutenção da vegetação nativa em áreas rurais e de preservação do manancial hidrográfico da nossa região", observa. Para ele, as maiores dificuldades seriam a segurança e infraestrutura para esses visitantes. "O DF tem vias de alta velocidade ou que permitem altas velocidades, por mais que sejam definidas como de baixa velocidade", pondera.

    Para que a nova modalidade dê certo na capital do país, Dornelles acredita que sejam necessárias as mesmas medidas que a mobilidade ativa precisa. "Moderação da velocidade das vias onde as bicicletas passarão, para garantir a segurança do ciclista, sinalização direcionada aos ciclistas que indicaria os bairros, rotas e atrações, como existem para os carros e que auxiliariam também a quem está andando de bicicleta, além de paraciclos e bicicletários, que são o básico da infraestrutura cicloviária, em pontos turísticos", pontua. "Sem uma verba definida para infraestrutura e prioridade, os turistas vão sofrer no trânsito do DF, como os ciclistas sofrem", avalia o conselheiro da Rodas da Paz.

    Orientações turísticas

    No ano passado, o publicitário James Soares, 57, transformou a loja on-line de bicicletas e produtos de ciclismo BeeBike, que tem desde 2017, em uma agência de cicloturismo. Desde a mudança, ele guia de quatro a 15 pessoas em parques ecológicos do DF, mas reclama da falta de interligação entre as vias e as entradas dos espaços, como o Jardim Botânico de Brasília (JBB), o Parque Água Mineral e a Floresta Nacional de Brasília (Flona), às margens da BR-070. "Como a lei vai estimular o turismo se a malha cicloviária não está perfeita nem para o usuário comum fazer o passeio sem se colocar em risco no trânsito violento de Brasília, com vias de 60km/h e outras de 80km/h?", avalia.

    James comenta que a cidade precisa estar preparada para receber turistas com o maior número de informações possíveis, com placas informando a história do local e guias preparados para receber quem vem de fora do DF. "A gente não tem informação nos pontos turísticos, quando se fala do centro de Brasília, seja na Torre de TV, na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes ou no Parque da Cidade. O turista precisa ter essas orientações. No Parque Jardim Botânico, por exemplo, não tem uma placa nas trilhas", comenta o ciclista.

    Um dos turistas que costuma pedalar em Brasília é o advogado Christian Lopes, 25. Uma vez por mês, ele pega um avião em Salvador (BA), onde mora, para visitar o companheiro, em Brasília. O rapaz costuma passar 15 dias e aproveita a estadia na Asa Norte para pedalar pela capital federal e não ficar sem praticar um exercício físico. "As ciclovias são bem acessíveis, principalmente na área central, mas há alguns pontos que podem melhorar mais. Sinto que não tem uma conexão tão grande para se fazer trajetos longos pela cidade. A ciclovia é interrompida em alguns pontos da cidade e há dificuldade em disputar espaços com os carros. Alguns trechos acabam ficando perigosos", reconhece o advogado.

    Colaborou Arthur de Souza

     

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    Fonte: Correio Braziliense

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