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Qual época do ano é mais quente: primavera ou verão? Especialistas ouvidos pelo g1 explicam

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Por PATRICIA em 18/11/2023 às 05:42:28

Verão costuma ser mais fresco pelo excesso de nebulosidade e primavera tem mais dias com horas de sol forte. Calor em Ribeirão Preto (SP)

Reprodução/EPTV

É na primavera -- que começa oficialmente no dia 23 de setembro no hemisfério Sul --, que os termômetros na maioria das cidades da região de Ribeirão Preto (SP) ultrapassam com facilidade os 40ºC, o que dá margem para muita gente acreditar que o calor tende a piorar quando o verão chegar.

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Esta onda de calor que atinge o Brasil há, pelo menos, duas semanas, é uma das mais fortes dos últimos meses e pesquisadores do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia já disseram que 2023 promete ser o ano mais quente da história.

Só que, segundo especialistas ouvidos pelo g1, dizer que o verão será pior tomando como base estar ondas de calor ou levando em consideração as altas temperaturas frequentemente registradas na primavera não é correto.

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De fato, o verão neste ano terá picos de calor, muito por conta da atuação do El Niño, que gera um impacto direto no aumento da temperatura global. Mas a estação mais quente do ano, na verdade, costuma ser mais fresca.

Sorvete é opção favorita para espantar o calor em Ribeirão Preto (SP)

Reprodução/EPTV

Isso porque há mais nebulosidade e menos horas de sol forte, como explica a meteorologista Josélia Pegorim, do Climatempo.

"É muito comum as pessoas comentarem que 'se já está tão quente assim na primavera, imagina durante o verão', mas não é bem assim que acontece. Durante o verão, normalmente, temos mais dias com excesso de nebulosidade, que já dificulta uma elevação muito grande da temperatura à tarde".

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Érico Andrade/g1

Outro ponto, segundo ela, são as chuvas típicas do verão.

"Normalmente, elas começam cedo. Muitas vezes, a gente tem pancadas de chuva já acontecendo no começo da tarde, então essa chuva e esse excesso de nebulosidade, que são comuns nos dias de verão, dificultam uma elevação muito grande de temperatura. Na primavera, ainda temos um maior número de dias com menos nebulosidade e mais horas de sol forte".

Segundo Fábio Marin, professor do Departamento de Engenharia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), a primavera é mais quente que o verão.

"Tem a nebulosidade e tem mais umidade também no ar. A umidade do ar tem alto calor específico e isso faz com que a temperatura nem suba muito e nem baixe muito, uma substância com alto calor específico regula a temperatura".

Com termômetros ultrapassando os 40ºC, sombra é local mais procurado em Ribeirão Preto (SP)

Reprodução/EPTV

Ele explica que essa regulagem é possível por conta da água. E, tradicionalmente, o verão no Brasil costuma ser chuvoso.

"A água tem essa propriedade [de regular a temperatura]. Se você comparar Cuiabá com Salvador, estão na mesma latitude, então têm a mesma quantidade de radiação solar chegando todo dia. Só que Cuiabá é muito mais quente. Cuiabá agora está 40ºC e Salvador está 30ºC, porque Salvador está na beira do mar e, pelo fato de estar na beira do mar, a água tem alto calor específico. É um regulador térmico".

Calor é mais forte na primavera por falta de nebulosidade

Segundo Josélia, como não há muita nebulosidade na primavera, o calor tende a ser mais forte.

"Se durante, por exemplo, um dia de primavera, como é o que está acontecendo esse ano, nós temos uma onda de calor, você tem uma situação de ar mais seco, menos nebulosidade e muito sol. As temperaturas sobem muito".

Mulher usa guarda-chuva para se proteger do sol quente em Ribeirão Preto (SP)

Reprodução/EPTV

Diferentemente do que ocorre em um dia normal de verão, diz a meteorologista.

"Você também tem bastante calor e tem sol, mas as nuvens de chuva e a própria chuva começam a acontecer mais cedo".

Além disso, Josélia explica, é durante o verão que temos, com maior frequência, a atuação de grandes áreas de instabilidade.

"Por exemplo, da zona de convergência do Atlântico Sul, que normalmente atua nos meses de verão e é capaz de deixar a região de Ribeirão Preto, todo o norte do estado de São Paulo, com predomínio de céu nublado e chuva frequente em vários dias consecutivos".

Ribeirão Preto (SP) deve registrar temperaturas acima dos 40ºC com onda de calor

Reprodução/EPTV

Outro ponto, diz Marin, é que, em termos de radiação solar, o verão é uma estação decadente e a primavera é ascendente.

"Quando começa o verão, já começa a esfriar, porque a quantidade de radiação solar, que é quem controla isso, é menor. A primavera já tem radiação suficiente, só que tem pouca água. Por isso que as temperaturas vão nessa faixa que nós estamos olhando. O verão tem radiação, só que já tem muita água, então as temperaturas não conseguem mais subir".

Ainda segundo Marin, como a primavera é uma transição de estações -- da mais seca, que é o inverno, para a mais chuvosa, que é o verão -- costuma registrar altas temperaturas.

"Os picos históricos de temperatura não acontecem em dezembro ou janeiro. Acontecem em setembro, outubro, por conta da primavera. Esse negócio que fala 'ah, o verão vai piorar', não. O verão vai melhorar. Começa a chover no final da primavera".

Ribeirão Preto (SP) tem registrado temperaturas acima dos 40ºC

Reprodução EPTV

Picos de calor devem ser registrados também no verão

De acordo com Josélia, uma situação especial acontece no verão deste ano, por conta do El Niño. O fenômeno aparece com frequência a cada dois a sete anos e tem duração média de 12 meses. Desta vez, ele deve seguir atuante até abril de 2024.

"Esse ano é um ano de El Niño, então, ele dificulta a formação dessas grandes áreas de instabilidade da zona de convergência do Atlântico Sul, dificulta a organização da zona de convergência do Atlântico Sul, e vai continuar atuando com força durante todo o verão".

Na prática, o fenômeno vai deixar a chuva de verão irregular, o que pode, sim, impactar em novas ondas de calor.

"É muito provável que tenhamos também durante o verão algumas situações de picos de calor como se fosse a primavera, com uma quantidade um pouco menor de nuvens e pancadas de chuva menos frequentes do que seria o normal para uma época de verão. Excepcionalmente nesse verão, é possível que ainda tenhamos picos de calor tão intensos quanto esses observados nessa primavera, por causa dessa desregulada na chuva que o El Niño provoca".

Além disso, a estação promete ser mais quente do que o normal, mas não muito mais quente do que os dias registrados até aqui.

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Fonte: G1

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