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Há quase um ano na cidade, Sohrab Samim e Zakia Samim, juntos dos três filhos, se reinventam todos os dias, vencendo várias barreiras, incluindo a do idioma. A família abriu um restaurante que faz delivery de comidas típicas do Oriente Médio. Família Samim recomeça, em Sorocaba (SP), com venda de comida Afegã, na zona norte da cidadeMarcel Scinocca/g1Uma família de refugiados do Afeganistão escolheu o Brasil para recomeçar a vida, mais especificamente, a zona norte de Sorocaba (SP), onde abriram um restaurante com delivery de comida típica do Oriente Médio.Há quase um ano na cidade, Sohrab Samim e Zakia Samim, juntos dos três filhos, se reinventam todos os dias, vencendo várias barreiras, incluindo a do idioma. Eles carregam na história o sofrimento da guerra, e a dor de perder familiares nos ataques do talibã, que tomou o país em 2021.Falafel faz parte do cardápio da comida afegã, vendida por família refugiada em Sorocaba (SP)Marcel Scinocca/g1A decoração, o tapete, a música, a bandeira e os costumes, como deixar os calçados na porta são indícios que mostram o quanto a cultura afegã está presente, mesmo que seja em uma cidade no interior de São Paulo. Na cozinha, são preparados pratos típicos, como bolani, falafel e kabuli palao."Abri a cozinha há dois meses para sustentar a minha família. Estou muito feliz e agradeço a gente boa do Brasil por me apoiar", diz Zakia.Conforme Sohrab, os atendimentos são feitos pelo telefone. Como falam pouco português, utilizam aplicativos de tradução e um pouco de inglês para se comunicar com os clientes.Os ingredientes são selecionados com muito cuidado, de acordo com Sohrab. A maior parte vem de outros países, como o arroz indiano e o feijão afegão. Tudo é feito com muito capricho e seguindo as regras de higiene e limpeza.Bolani, massa recheada de origem no Oriente Médio, também faz parte do cardápio de família afegã que vivem em Sorocaba (SP)Marcel Scinocca/g1"Eu espero que os meus amigos brasileiros venham para a cozinha da Zakia. Vocês vão gostar de comer e vão nos ajudar a começar uma nova vida. E que vocês tenham um tempo de paz e tranquilidade", termina Sohrab.Sentimento de gratidãoFamília Samim antes de mudar para o BrasilArquivo PessoalAntes de mudar para o Brasil, a família vivia na capital Cabul. Sohrab exercia a atividade de jornalista no seu país de origem. Ele conta que pertencia ao exército e que seu pai morreu durante um ataque do talibã. O rapaz chegou a atuar, inclusive, em confrontos contra o grupo terrorista."Nos últimos anos, trabalhei como apresentador de rádio e televisão, e, depois disso, servi na Força Policial Afegã durante 10 anos como porta-voz de Segurança e Ordem Pública. O meu pai, o coronel Fazl al-Rabi Samim, foi morto pelos talibãs", conta.Nos últimos dias antes da invasão talibã, Sohrab conta que estava prestes a se formar no curso de direito e ciência política. "Não pude comparecer à cerimônia de formatura. Escapei do extremista talibã e o governo brasileiro, ao emitir vistos, ajudou milhares de pessoas a sobreviver. Obrigado", diz. Sohrab lutou contra o talibã antes de mudar para o BrasilArquivo PessoalToda a receptividade e acolhimento se traduz em gratidão. Gratidão pelo país que acolheu a família Salim que, agora, mesmo com os desafios, já pode chamar de lar."Sou muito grata ao Brasil. Agradecemos ao país e seu povo gentil e doce. Eu amo o Brasil", diz Zakia. Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e JundiaíVÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM