Os desafios para a cirurgia de separação e o processo de adoção de siameses que nasceram unidos pela coluna

Jairo e Gabriel nasceram unidos pela base da coluna. Os gêmeos siameses chegaram em dezembro de 2022, de costas um para o outro, unidos pelo bumbum. Gêmeos siameses que viviam em hospital já estão em casa com as mamães

O último episódio da série "Vidas" mostra como um caso raro de gêmeos siameses transformou a rotina de um hospital. Jairo e Gabriel chegaram em dezembro de 2022, de costas um para o outro, unidos pelo bumbum.

"Na literatura, é o sétimo caso desse tipo de união, a gente chama de pigópagos", explica Melissa Migotto Silva, cirurgiã pediátrica.

Foram meses vivendo em um hospital de Porto Alegre, onde passaram por uma cirurgia de separação que envolveu mais de 70 profissionais de saúde: "Era uma condição nova para a equipe, era uma condição nova para o hospital", relata a gerente de unidade de internação, Laís Garcia.

E os desafios não eram só médicos. Um mês depois do nascimento, os pais biológicos abriram mão da guarda dos meninos.

"Essas crianças ficaram conosco desde o primeiro dia de vida. Como ficavam desacompanhados era a gente mesmo que dava aquele colinho na hora do banho", destaca a enfermeira Priscula Eugênio Fortes.

Assista à reportagem completa no vídeo acima.

Os desafios para a cirurgia de separação e o processo de adoção de siameses que nasceram unidos pela coluna

Reprodução/TV Globo

Preparação para a cirurgia e o processo de adoção

Enquanto os gêmeos cresciam, os médicos do hospital da Criança Conceição, em Porto Alegre, se preparavam para a cirurgia. Buscaram casos semelhantes e encontraram um no Japão.

Quando os meninos completaram seis meses, os médicos consideraram que eles estavam prontos para a separação. Para que tudo saísse como planejado, dias antes eles decidiram fazer uma simulação, usando dois bonecos, que reproduziam a forma como as crianças estavam unidas.

Mas, o destino dos bebês era incerto. Sem famílias interessadas, eles iriam para uma instituição de acolhimento quando tivessem alta, mas um encontro virtual com Estela e Patrícia, que sempre desejaram adotar, mudaria tudo. Com a papelada em mãos, elas tiveram acesso ao aplicativo do Conselho Nacional de Justiça, com imagens de crianças disponíveis.

"Quando eu vi a foto, eu só conseguia chorar e dizia que eles eram os meus filhos; eram os nossos filhos e a gente iria seguir com o processo", conta a artesã, Estela Maris Baumgarten.

No dia seguinte, souberam que eram gêmeos siameses.

"Tivemos acesso ao laudo médico, tudo que eles já tinham feito e o que eles ainda iriam fazer. Aí, nesse meio tempo, quando a gente estava nessa avaliação para conhecer eles, a assistência social nos avisou que eles iam fazer a cirurgia", relata Patrícia da Costa Maldonado, técnica em segurança do trabalho.

Siameses nasceram unidos pele bumbum

Reprodução/TV Globo

A separação

No dia 29 de junho, mais de 70 profissionais foram mobilizados para a operação. A equipe do doutor Samir foi a primeira, e tinha como desafio separar a medula compartilhada sem comprometer os movimentos dos pés e pernas.

A segunda equipe reconstituiu o intestino. A terceira, os órgãos sexuais e a parte urinária. Foi nesse momento, pelas mãos do doutor Ivan, que a separação total dos gêmeos finalmente aconteceu. Após 19 horas de cirurgia, veio a a ligação que Ester e Patrícia tanto esperavam.

"Foi um alívio saber que eles estavam bem, porque a gente podia respirar", diz Estela.

Os desafios para a cirurgia de separação e o processo de adoção de siameses que nasceram unidos pela coluna

Reprodução/TV Globo

O momento de ir pra casa

Quinze dias depois, Estela e Patrícia conhecerem os meninos. Eles seguiram em recuperação no hospital, com a adoção oficializada e nomes escolhidos por elas: Jairo e Gabriel. Foi quando Gabriel que nasceu com microcefalia teve uma infecção. Enquanto o irmão se recuperava, o Jairo teve alta.

E depois de três meses de espera e alguns tratamentos complementares, o Gabriel estava pronto para ir pra casa.

"Por mais de toda a preocupação que a gente teve, e eu sei que ainda vai ter, mas a gente olha pra eles e fica tão aliviada em saber que eles já estão aqui em casa com nós", destaca a artesã.

Após três meses de cirurgia de separação, gêmeos siameses foram para casa com mães adotivas

Reprodução/TV Globo

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