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Entenda operação da polícia que investiga desvio milionário de dinheiro público da Desenvolve SP

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Por PATRICIA em 30/10/2023 às 19:49:39

Investigados pediram empréstimos à agência do governo, mas nunca pagaram os valores; empresas usadas pelos criminosos eram fantasmas. Polícia Civil de Campinas cumpriu mandados contra lavagem de dinheiro

Divulgação/Polícia Civil

A quadrilha investigada pela Polícia Civil de Campinas (SP) usou laranjas e balanços financeiros fraudados para desviar, ao menos, R$ 5 milhões de reais dos cofres públicos. Os detalhes da operação contra os envolvidos nesse esquema, deflagrada nesta segunda-feira (30), foram informados durante coletiva de imprensa,

O SECCOLD (Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro), ligado à DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Campinas, detalhou que foram identificadas, até o momento, três empresas fantasmas que conseguiram empréstimo da Desenvolve SP, que é a agência de financiamento do Governo de São Paulo, e nunca pagaram.

Como funcionou o esquema, segundo a Polícia Civil:

Os criminosos criaram em 2021 empresas fantasmas, a partir de documentos falsos e balanços financeiros fraudados;

Essas empresas pediram ao Desenvolve SP empréstimos de, ao menos, R$ 5 milhões;

Os empréstimos foram concedidos pela agência às empresas;

Os criminosos lavavam esse dinheiro e não pagavam a Desenvolve SP;

A Desenvolve SP, mesmo acionando a Justiça, não conseguia encontrar os verdadeiros sócios, já que as empresas fantasmas estavam em nome de laranjas.

"Essas três empresas conseguiram um rendimento com esses empréstimos fraudulentos no valor de R$ 5 milhões. Há expectativas, com o avanço das investigações e com toda a colaboração que foi feita por parte da Desenvolve SP, que esse prejuízo possa ser muito maior, chegando R$ 40 milhões", explicou o delegado Luiz Fernando Dias de Oliveira, responsável pela investigação.

Organização criminosa estruturada

Carros, celulares, joias, computadores e documentos foram apreendidos durante o cumprimento dos mandados nesta segunda-feira (30), itens que, segundo o delegado, podem contribuir com o avanço da investigação.

"Tudo isso só seria possível com uma articulação muito bem organizada: divisão de tarefas, cada um com a sua participação. E toda essa empreitada criminosa certamente nos leva a crer que isso não foi uma mera associação por parte dos autores, mas sim, eles eram organizadamente estruturados para a prática desses delitos", afirmou Oliveira.

Material apreendido pela Polícia Civil de Campinas durante o cumprimento dos mandados

Polícia Civil/Divulgação

Desarticular a quadrilha e recuperar os valores

O delegado Fernando Bardi, diretor da Polícia Civil na região de Campinas, explicou que o objetivo principal da investigação é desarticular a quadrilha e devolver o dinheiro desviado aos cofres públicos e ressaltou que a Desenvolve SP colaborou com as investigações.

Buscas e bloqueios de bens

Durante a operação nesta segunda-feira (30), foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão em Indaiatuba (SP), Campinas (SP), Elias Fausto (SP), Salto (SP), Valinhos (SP), Cotia (SP), Osasco (SP) e Carapicuíba (SP).

A Polícia Civil apreendeu dois veículos, um sedan de luxo e um SUV, e pediu à Justiça o bloqueio de bens dos investigados.

A operação recebeu o nome de "Avaritia", em referência ao termo em latim usado para definir "ganância". Os alvos vão responder por organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

O que diz a Desenvolve SP

A Desenvolve SP afirmou, em nota, que ficou sabendo das fraudes por meio de uma denúncia recebida pela ouvidoria, o que motivou uma auditoria interna. A investigação apontou a constituição das empresas de fachada que usavam informações falsas para conseguir a liberação do financiamento. A partir disso, o órgão avisou a polícia.

"Além de identificar e atuar para interromper eventuais desconformidades, a Desenvolve SP comunicou os fatos ao Ministério Público, à Secretaria da Fazenda, ao Banco Central, e à Controladoria Geral do Estado. O relatório de apuração interna foi compartilhado com os devidos órgãos externos e a Desenvolve SP está colaborando com a Polícia Civil", diz o texto da nota.

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Fonte: G1

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