Centenas de brasileiros pedem ajuda do Itamaraty para deixar Israel e a Faixa de Gaza

Segundo o governo brasileiro, inicialmente, estão programados cinco voos que trarão de volta para o Brasil 900 pessoas. Centenas de brasileiros pedem ajuda do Itamaraty para deixar Israel e a Faixa de Gaza

Reprodução/Jornal Nacional

O governo brasileiro montou uma operação para resgatar quem quiser sair de Israel. Os primeiros repatriados devem chegar no Brasil na quarta-feira (11).

O avião da FAB que vai trazer os primeiros 210 brasileiros pousou em Roma no início da manhã desta segunda-feira (9). A previsão é que ele saia de madrugada e chegue a Israel às 8h. A decolagem para o Brasil está marcada para meio-dia e a chegada na primeira hora de quarta-feira (11), na Base Aérea de Brasília.

O segundo avião que vai buscar brasileiros saiu do Brasil na tarde desta segunda-feira (9). O KC-30 da FAB foi abastecido pouco antes do voo na Base Aérea de Brasília. A aeronave também conta com uma equipe de saúde - são militares da FAB que vão ajudar no resgate: dois médicos, dois enfermeiros e uma psicóloga. O avião tem ainda material para montar uma UTI a bordo se for necessário.

Segundo o governo brasileiro, inicialmente, estão programados cinco voos que trarão de volta para o Brasil 900 pessoas. Quatro voos serão feitos em aviões KC-30 com capacidade para 210 passageiros cada, e um pelo avião K-390, que trará 60 passageiros. Os voos estão programados para sair diariamente de Tel Aviv para o Brasil de terça-feira (10) até sábado (14).

O comandante da Força Aérea Brasileira disse que a prioridade nesses voos será para brasileiros que moram no Brasil e estavam de passagem por Israel, mas que qualquer cidadão ou familiar pode solicitar ajuda para sair da região.

"Entendemos que o primeiro impacto, 900 pessoas, é realmente uma operação de grande porte, como disse, a maior de nossa história. Mas está bem elucidada, muito bem equacionada, esperamos que até o próximo sábado à noite nós já estejamos aqui no Brasil com 900 pessoas, brasileiros e, ou não, e parentes que não são brasileiros, mas serão muito bem-vindos", afirma Marcelo Kanitz Damasceno.

Além dos cinco voos já programados, o governo prevê outros. O embaixador do Brasil em Israel disse, em entrevista à GloboNews, que serão 15 voos para trazer brasileiros de volta. A embaixada em Tel Aviv já recebeu mais de 2,2 mil pedidos de retirada. O formulário de inscrição pode ser preenchido no site da embaixada. A principal recomendação para quem está em Israel é evitar deslocamentos desnecessários.

Alessandro está em Jerusalém com um grupo de 40 pessoas. Todos têm passagens em voo comercial para o próximo sábado, mas estão com medo de não conseguir embarcar.

"Como o dia 14 ainda está longe, então muita coisa pode acontecer até lá. Por isso que nós estamos tentando e esperamos uma vaga, adiantar isso, principalmente, uma vaga nesses voos da FAB. Seria fantástico se a gente conseguisse voltar para o Brasil nesse momento, que é o que cada um quer para se sentir realmente seguro e voltar para família e voltar para o nosso país", disse.

Três brasileiros estão desaparecidos. Segundo o Itamaraty, os três têm dupla nacionalidade e participavam de um festival de música no sul de Israel quando os ataques começaram.

Do outro lado do conflito, na Faixa de Gaza, atualmente vivem cerca de 40 brasileiros, segundo o Itamaraty. O escritório de representação do Brasil em Ramala identificou cerca de 25 interessados em voltar ao Brasil. Mahmud mora em Gaza desde 2020. Ele conta que já estão sem água e sem energia e fez um apelo para o governo brasileiro.

"A embaixada brasileira está trabalhando para isso, mas as coisas ficam um pouco devagar. Por favor, essa chamada para o nosso governo, com toda confiança, vai ajudar nossas famílias aqui para sair de Faixa de Gaza muito rápido, pelo menos até Egito, para ficar em seguro. Por favor", pede.

E nota, o escritório de representação do Brasil em Ramala informou que fará a retirada dos brasileiros que se encontram em Gaza através do "checkpoint" - uma espécie de barreira - na cidade Rafah, na fronteira com o Egito.

"Mesmo poder se deslocar dentro da Faixa de Gaza, de um local onde estejam esses brasileiros até essa passagem de fronteira para o Egito, pode ser algo arriscado. Então, é uma operação complexa e que se desenrola em circunstâncias, no mínimo, atípicas", diz o secretário África e Oriente/Médio do Itamaraty, Carlos Sobral Duarte.

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