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"Estamos morrendo. Minhas filhas só choram e a gente diz que bombas são barulho de festa", diz brasileiro na Faixa de Gaza

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Por PATRICIA em 09/10/2023 às 13:48:34

Confinados em território palestino após a ofensiva israelense contra alvos do Hamas, os brasileiros contam que estão enfrentando dificuldades para deixar o território e narram morosidade do Itamaraty na ajuda aos cidadãos brasileiros na região. Pessoas observam destruição na Faixa de Gaza após bombardeios israelenses em reação a ataque do Hamas no dia 7 de outubro de 2023

Mohammed Abed/AFP

Brasileiros de origem palestina que vivem na Faixa de Gaza disseram nesta segunda-feira (9) que estão vivendo momentos de horror com os bombardeios de Israel contra territórios palestinos, iniciados neste sábado (7).

Os ataques foram uma resposta do governo israelense contra os atos terroristas promovidos no fim de semana por extremistas do grupo Hamas em Israel.

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O paulistano Hasan Rabee disse que está há dez dias em Gaza para visitar familiares e está com dificuldades para deixar a região por conta dos ataques. Eles estão há várias horas sem água e sem energia.

"Estamos morrendo... minhas filhas só choram e a gente está mentido [pra ela], falando que as bombas são barulho de festas", contou.

Hasan contou à GloboNews que as bombas atiradas pelo governo israelense contra alvos do Hamas não param o dia todo. Ele afirmou que o Itamaraty não está ajudando na retirada dos brasileiros que estão em território palestino, a exemplo do que acontece em Israel.

O g1 e a GloboNews procuraram o governo brasileiro para obter mais informações, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.

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Outro relato dramático é de Mahmoud Abuhaloub. Ele também tem cidadania brasileira e vive em Gaza desde 2020.

Antes de voltar às origens palestinas, o rapaz morava no Rio Grande do Sul e diz que precisou deixar o Centro de Gaza com a família de 12 pessoas, por conta dos bombardeios israelenses.

"A guerra está ficando uma loucura e as coisas não andam rápido aqui", contou.

Mahmoud disse que acionou a Embaixada do Brasil em Ramalla, cidade palestina na Cisjordânia, mas não teve nenhuma resposta efetiva até agora. Ele contou que os familiares querem deixar a Cisjordânia, com medo da escalada de violência da guerra.

300 mil reservistas convocados

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Israel anunciou nesta segunda-feira (9) que nas últimas 48 horas convocou 300 mil reservistas, um número sem precedentes na história do país.

No sábado (7), o Hamas, um grupo islâmico extremista armado, fez um ataque-surpresa contra Israel. A partir da Faixa de Gaza, combatentes do grupo invadiram o território israelense, mataram centenas de pessoas e levaram mais de 100 pessoas como reféns. Israel declarou guerra ao Hamas e, inicialmente, atacou o território palestino com mísseis (veja mais abaixo).

O porta-voz militar Daniel Hagari afirmou que o país está se preparando para uma ofensiva. "Nós nunca convocamos tantos reservistas, em uma escala como essa", disse ele.

O governo israelense também afirmou que pediu para moradores de algumas regiões no norte e leste da Faixa de Gaza deixarem suas casas. Alguns palestinos afirmaram que receberam telefonemas e mensagens de oficiais de segurança de Israel dizendo para eles deixarem a área pois o exército deverá atuar lá.

Os dois anúncios sinalizam que uma invasão do território palestino deve ocorrer no futuro próximo.

Moradores de Gaza não têm abrigo antiaéreo oficial

Depois que o exército de Israel enviou mensagens de texto pedindo aos palestinos que deixassem algumas áreas de Gaza, alguns moradores ficaram preocupados porque não têm um local seguro para aguardar os ataques.

Segundo a agência de notícias Reuters, na Faixa de Gaza não há abrigos antiaéreos oficiais para momentos de guerra.

Em muitas partes do território não há mais serviços de telefonia nem de internet, porque a companhia de telecomunicações palestina foi atingida por um ataque israelense.

Mohammad Brais, um morador de Gaza de 55 anos, afirmou à agência Reuters que não sabia para onde ir em busca de segurança do ataque que os moradores aguardam. Ele fugiu de sua casa, próxima a uma possível linha de frente, para se abrigar em sua loja, mas o locla foi atingido em um dos centenas de ataques aéreos.

Os palestinos estão se preparando para uma ofensiva de escala sem precedentes no território.

Dentro de Israel, soldados ainda estão em confrontos

Uma parte dos soldados israelenses ainda estava nas regiões de Israel que o Hamas atacou nos últimos dias. O governo do país afirmou que retomou o controle das áreas, mas que ainda há confrontos porque alguns palestinos armados seguem combatendo (leia mais abaixo).

Um outro porta-voz do exército, Richard Hecht, afirmou que a retomada e normalização das regiões que foram atacadas pelo Hamas está levando mais tempo do que se esperava.

?? Como começou o conflito entre o Hamas e Israel? A mais recente disputa na região começou em 7 de outubro, quando o Hamas realizou um ataque-surpresa contra Israel. Essa foi a mais violenta ação contra o território israelense dos últimos 50 anos. Os serviços de inteligência do país não conseguiram antecipar que uma ofensiva dessa magnitude estava sendo preparada.

?? O que é o Hamas? O grupo extremista armado é uma das maiores organizações islâmicas dos territórios palestinos e, desde 2007, controla a Faixa de Gaza. O Hamas é considerado um grupo terrorista por países como os Estados Unidos e o Reino Unido. Veja o vídeo abaixo para saber mais sobre o grupo.

Hamas controla território onde vivem mais de 2 milhões de palestinos

?? Como foi o ataque? As ações se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde Hamas lançou lançados 5 mil foguetes. Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país. Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza.

?? Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação. "Estamos em guerra e vamos ganhar", disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque. "O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu." Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.

?? Quantas pessoas morreram? O balanço mais recente das autoridades locais indica que ao menos 1.300 pessoas morreram, sendo 800 em Israel, 493 na Faixa de Gaza e sete na Cisjordânia. Milhares de pessoas ficaram feridas.

?? O que é e onde fica Faixa de Gaza? É território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito. Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 km² -- um pouco menor que Santa Catarina. Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.

?? Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes. Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.

Confrontos em Israel e nos Territórios Palestinos

?? Quando Israel foi reconhecido como um Estado? Em 1948. Desde então, vem ocorrendo uma disputa por território na região, e vários acordos já tentaram estabelecer a paz na região, mas nehum deles teve sucesso.

?? Qual é a diferença entre israelenses e palestinos? Israelenses são cidadãos do Estado de Israel, criado em 1948. Palestinos são o povo etnicamente árabe, de maioria muçulmana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.

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O ataque pegou os israelenses de surpresa. Os serviços de inteligência de Israel não conseguiram antecipar que uma ofensiva dessa magnitude estava sendo preparada.

Fonte: G1

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