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Brasil tem a maior queda na produção de artigos científicos em três décadas, diz levantamento

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Por PATRICIA em 19/09/2023 às 01:32:28

Segundo o levantamento da agência internacional Elsevier, o número representa 7,4% a menos do que em 2021. Entre 51 países analisados, o país ficou em último lugar, junto com a Ucrânia – que está em guerra. Brasil tem a maior queda na produção de artigos científicos em três décadas ano passado, diz levantamento

Reprodução/TV Globo

Pela primeira vez em 30 anos, o Brasil teve queda na produção de artigos científicos em 2022, aponta um levantamento da agência internacional Elsevier. O número representa 7,4% a menos do que em 2021. Entre 51 países analisados, o país ficou em último lugar, junto com a Ucrânia – que está em guerra.

A biomédica Danielle Beserra começou a pesquisa de doutorado na Universidade de São Paulo este ano. Ela investiga o comportamento das células de defesa de bebês filhos de mulheres HIV positivas. A ambição da cientista contrasta com o salário que recebe, como bolsista financiada pelo governo federal.

"A gente está aqui porque a gente sabe bem a importância da pesquisa para a sociedade brasileira como um todo, mas a gente também precisa viver dentro deste sistema, receber bolsas, salários, enfim, que seja de acordo com o custo de vida que existe aqui nas grandes capitais e as universidades, geralmente, ficam nesses nichos", diz Danielle Beserra, doutoranda na área de Imunologia da USP.

Falta de bolsas e salários baixos são consequência da queda do financiamento da ciência no Brasil - situação agravada pela pandemia.

Merllin de Souza, fisioterapeuta, pesquisa os sintomas e o tratamento de problemas lombares na população negra. Ela começou o doutorado há quatro anos, e ficou um ano e meio sem bolsa.

"Tive que me virar e fiquei um período trabalhando numa clínica de fisioterapia para poder fazer a renda. Dá uma ajudada também em casa, e me preparar para que eu pudesse esperar conseguir essa bolsa", afirma a doutoranda em Ciências da Reabilitação da FMUSP.

Os números do Brasil vão na contramão do mundo, que cresceu 6,1%, em média. Um dos destaques é a Índia, com quase 20% de alta, o que deu ao país o 3º lugar no ranking de publicações, atrás apenas de China e Estados Unidos.

Em geral, as bolsas brasileiras pagam mal, além de oferecem menos vagas que o necessário. Só para as da CAPES – fundação ligada ao Ministério da Educação –, a fila de espera é de 19 mil mestrandos e sete mil doutorandos.

A 'fuga dos cérebros'

Com tantas dificuldades para fazer pesquisa no Brasil, muitos cientistas desistem – não da ciência, mas do país. A chamada "fuga de cérebros" está esvaziando os laboratórios brasileiros.

A geneticista Mayana Zats, uma das precursoras nas pesquisas de células-tronco no Brasil, pouco pode fazer para evitar despedidas dolorosas.

"Aqui do centro, dezenas, do meu grupo, já são 5,6 que foram embora. E toda vez que me pedem uma carta de referência eu choro na hora de escrever. A gente tem que escrever, tem que valorizar os jovens, mas é uma tristeza enorme", avalia a geneticista, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e células-tronco, do Instituto de Biociências da USP.

Fonte: G1

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