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Menino com perna condenada à amputação tem membro recuperado e conta de hospital ultrapassa R$ 2 milhões

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Por PATRICIA em 15/09/2023 às 05:57:28

Perna direita foi recuperada após a família transferir o menino de Guarujá, no litoral de SP, para um hospital na capital onde por cirurgia para descompressão das artérias e vasos sanguíneos. No entanto, o sangue ainda não voltou a circular no pé e a operação para amputação foi marcada. Criança com perna condenada à amputação tem membro recuperado e conta de hospital ultrapassa R$ 2 milhões

Arquivo Pessoal

Um menino, de cinco anos, teve a perna direita condenada à amputação por uma equipe médica em Guarujá, no litoral de São Paulo, após um inchaço ter comprimido as veias e artérias do membro. A família resolveu transferi-lo a um hospital na capital, onde a criança passou por cirurgia e, de acordo com os médicos, recuperou a circulação sanguínea. O mesmo, porém, não aconteceu no pé, que ainda corre risco. São mais de 40 dias internado em estado grave e a conta já ultrapassou os R$ 2 milhões.

Embora a família esteja preocupada sobre como vai arranjar recursos para arcar com os custos, o foco é na recuperação do pé de Yuri Gabriel. A cirurgia de amputação estava marcada para quarta-feira (13), mas não aconteceu porque os pais pediram uma semana para orar. O casal disse que os médicos aceitaram a condição e afirmaram que o tempo extra não trará prejuízo à criança.

"Pedimos mais uma semana para continuarmos com as nossas orações e jejuns. Acreditamos ainda nesse milagre do nosso filho não perder o pé", disse o pai, Kened dos Santos, de 28 anos, que trabalha como motorista.

Ao mesmo tempo que ainda têm fé, o pai informou o que ouviu dos médicos: "[Disseram que] é algo bem difícil. O pé dele está bem necrosado e faz mais de um mês que não circula sangue nessa região", disse ele, ainda esperançoso ao lado da esposa Tamires Ribeiro, de 22, que é manicure.

Como tudo começou?

Kened contou ao g1 que o filho pisou de mal jeito no chão após pular do sofá para o colo de um primo. Imediatamente, segundo o pai, o menino começou a se queixar de dor na perna direita.

O acidente aconteceu em 27 de julho e, no mesmo dia, Yuri foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vicente de Carvalho, no distrito de Guarujá. Ele passou por exame de raios X e nenhuma fratura foi constatada.

Com dores, o menino foi medicado, liberado e encaminhado para uma consulta com um ortopedista do Hospital Santo Amaro (HSA) no dia seguinte. No relatório médico obtido pela reportagem consta que a equipe do HSA "imobilizou o membro inferior direito somente por [queixa de] dor".

Já em casa com o filho e a esposa, Kened contou ter percebido que a tala usada para imobilização estava apertada e causando um inchaço. Porém, como o Yuri começou a reclamar de dores abdominais, o casal decidiu não tirá-la e o levou novamente ao hospital.

Eles optaram pela UPA da Enseada e, segundo a prefeitura, o pediatra de plantão decidiu transferi-lo para o HSA para realizar uma tomografia. O exame constatou que Yuri com os pulmões comprometidos.

Yuri Gabriel no dia em que colocou a tala em um hospital em Guarujá (SP)

Arquivo Pessoal

Durante a internação no HSA, os médicos tiraram a tala. Os pais tocaram na perna, a sentiram gelada e informaram a equipe, que iniciou um tratamento com anticoagulante. No entanto, a região passou a ficar muito quente e vermelha. A medicação foi interrompida e a temperatura caiu novamente.

Kened contou que estava com o filho no leito quando uma pediatra entrou no ambiente, tocou na perna do menino e, sem o notar, disse a outro pediatra: "Nossa, que perna gelada. Nós temos que amputar". O pai contou ao g1 que a frase o motivou a transferir Yuri para um hospital da capital.

O g1 entrou em contato com o HSA e a instituição não respondeu os questionamentos sobre a tala e a conduta da pediatra. Mas, disse, por nota, que seguiu o protocolo de atendimento e o paciente permaneceu sob cuidados das equipes clínica, ortopédica e pediátrica durante quatro dias.

Transferência

Yuri foi levado pelos pais ao Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. No local, o menino passou por uma cirurgia que descomprimiu as artérias e vasos sanguíneos, o que fez a circulação voltar à perna. Em nota, a unidade de saúde informou que não comenta a situação pacientes por respeito à privacidade e ao sigilo.

Os pais, no entanto, informaram que o menino atualmente apresenta uma evolução na recuperação dos pulmões e rins; está com trombose em uma artéria da perna direita que vem sendo tratada com anticoagulante e permanece com um curativo a vácuo da cirurgia para descompressão.

Agora, as orações, segundo eles, são para a recuperação do pé, que está sem circulação. A cirurgia para amputação foi adiada para a próxima semana a pedido do casal.

À esquerda, perna antes de colocar a tala. À esquerda, membro após cirurgia que recuperou a circulação de sangue da região

Arquivo Pessoal

Conforme as informações passadas pelos médicos, o pai de Yuri disse que foi constatado que os pulmões e rins do menino foram afetados pela bactéria Staphylococcus aureus, que é comum e normalmente permanece no corpo sem provocar doenças, mas, eventualmente, pode se aproveitar de feridas e causar graves danos.

Entretanto, os especialistas acreditam que não há relação entre a bactéria e perna direita de Yuri, explicou o pai, com base na conversas com a equipe médica.

"A queda pode ter dado um choque para esse problema se manifestar. Mas, há possibilidade dessa bactéria já estar no meu filho [antes]. [A perna], os médicos acreditam que o motivo pode ter sido a tala que deviam ter colocado muito apertada".

Custos

Os pais de Yuri se juntaram com os familiares e pagaram R$ 130 mil para transferir o menino do hospital de Guarujá para o da capital. O g1 teve acesso à última conta entregue casal. Os gastos referentes aos 42 dias no Hospital Albert Einstein chegam a R$ 2,3 milhões.

Existem, porém, outros serviços a serem pagos e que não foram computados, como uma máquina usada como um pulmão artificial, outra para o rim, cirurgias e médicos -- estes já ultrapassam R$ 300 mil. Mas, como ele ainda não tem previsão de alta, a expectativa é de que os custos aumentem.

À reportagem, os pais do Yuri contaram que precisaram parar de trabalhar para morar no hospital com o filho. Eles estão se mantendo com a ajuda de familiares, amigos, rifas, eventos beneficentes e campanhas nas redes sociais.

"É muito difícil [...]. Mas, Deus tem nos mantido firme e operado muitos milagres na vida do nosso filho. O Yuri ficou entre a vida e a morte", finalizou o pai de Yuri.

VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos

Fonte: G1

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