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Taxa de juros é remédio ineficaz contra o tipo de doença que economia enfrenta, avalia consultor da FGV 

Por PATRICIA em 22/03/2023 às 06:15:17

Copom deve definir nesta quarta (22) a taxa básica de juros brasileira, que atualmente é a maior do mundo e foi definida por vencedor do Nobel de Economia como uma 'pena de morte' a qual o país vem sobrevivendo. O Comitê de Política Monetária (Copom) começou uma reunião na terça (21) e deve definir nesta quarta (22) a taxa básica de juros, a Selic. O encontro ocorre em meio a pressões do presidente Lula pela redução dos juros na economia brasileira, que hoje é de 13,75% ao ano – a maior do mundo, descontada a inflação.

A alta do juros é motivo de paralisação nas principais montadoras do país. Também foi definida pelo ganhador do Nobel de Economia Joseph Stiglitz como uma "pena de morte" a qual o Brasil vem sobrevivendo.

Em entrevista a Natuza Nery, o consultor da FGV Robson Gonçalves analisa a fala do economista norte-americano.

A previsão é de que a política monetária continue restritiva e a atual taxa de juros básicos da economia deva se manter até meados de 2023, na avaliação da OCDE

Getty Images

"A taxa de juros pode ser entendida como um remédio contra a inflação", explica Gonçalves. "Mas ela é um remédio contra um tipo de inflação, portanto uma manifestação dessa doença econômica que é a inflação de demanda. Como todo remédio, a taxa de juros tem seus efeitos colaterais no curto prazo: ela freia o crescimento econômico e reduz a demanda por bens e serviços."

A inflação mundial, detalha o economista, é puxada pelo preço das commodities por causa das incertezas causadas pela guerra na Ucrânia.

"Nessa condição, a taxa de juros se torna um medicamento muito ineficaz: a gente só fica com o efeito colateral. É como se o paciente estivesse morrendo sem ter o benefício da cura simplesmente porque o remédio é inadequado para o tipo de doença que a economia está enfrentando."

Enquanto, no Brasil, a taxa de juros permanece o dobro da inflação, países como os Estados Unidos oscilam em uma faixa de 4,5% a 4,75% ao ano, abaixo da inflação.

No episódio #925 do podcast O Assunto, o economista aposta em uma divergência na decisão sobre a taxa de juros brasileira, mas concorda com a análise de Stiglitz e destaca que a redução é importante para auxiliar os 62,5 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza.

"A manutenção de uma taxa de juros muito elevada é mortal no sentido de que ela contém o crescimento econômico e diminui a geração de empregos...Para tirar as pessoas da linha da pobreza, é preciso empregá-las antes de mais nada."

Ouça a entrevista completa no podcast O Assunto.

O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Tiago Aguiar, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Eto Osclighter e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery.

VÍDEO: Aumento dos juros paralisou produção das montadoras

G1 em 1 minuto: Aumento dos juros paralisou produção das montadoras

Fonte: G1

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