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Pele artificial criada por cientistas brasileiros é alternativa para testes de segurança de cosméticos

Por PATRICIA em 29/11/2022 às 20:27:15

Material feito com células humanas cultivas em laboratório e multiplicadas para produção em série oferece alternativa para indústria cosmética, proibida de testar em animais desde 2019. Pesquisadores de Campinas criam pele artificial que auxilia área de testes de cosmésticos

Desde a proibição em 2019 do uso de animais em testes cosméticos, a indústria brasileira busca alternativas para desenvolver e aprovar produtos com segurança. Uma saída é a busca por testes in vitro, mas o custo do material importado é elevado. Para apresentar uma alternativa, cientistas de Campinas (SP) desenvolveram uma pele artificial 100% nacional.

A pele artificial produzida no Laboratório de Biociências, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), o mesmo que abriga o acelerador de partículas Sirius, é feita com células humanas que são cultivadas em laboratório e multiplicadas para produção em série.

De acordo com os pesquisadores, as células são misturadas com o colágeno, uma espécie de gelatina, e demoram de 10 a 15 dias para ficarem prontas. Como a pele possui muitas camadas, a equipe utiliza uma impressora 3D no processo.

"A gente tem uma demanda nacional muito grande. O deslocamento e a logística de transporte desses tecidos vivos para serem importados é muito difícil e temos que desenvolver nosso modelo nacional, usando uma tecnologia nacional e células nacionais", defende a diretora científica Ana Luiza Millás.

A pele artificial desenvolvida no CNPEM é produzida exclusivamente com células de seres humanos brasileiros.

"Se eu vou fazer um estudo para um produto que vai ser usado na nossa população, esse é um ponto que conta", defende Ana Carolina Migliorine Figueira, pesquisadora do CNPEM.

Pesquisadores buscam alternativas para testes de segurança de novos produtos cosméticos

Clausio Tavoloni/EPTV

Lucas Portilho, farmacêutico e pesquisador, conta que as alternativas atuais para pesquisas de segurança podem chegar a R$ 30 mil para testes por produto, e ter uma pele artificial que possa mostrar a interação do material com o organismo traz segurança para toda a cadeia.

Um exemplo é um creme hidratante em desenvolvimento que possui nanomaterais.

"O nano ele penetra mais na pele. Então a gente precisa tomar muito cuidado. Quando eu formulo um produto desse, eu quero que ele penetre mais na pele, mas eu quero que ele chegue em camadas profundas em segurança. Se ele ultrapassar a profundidade que eu quero, ele pode cair na corrente sanguinea, e isso vai se tornar um risco. Então, qualquer produto cosmético não deve jamais penetrar na pele a ponto de chegar na corrente sanguinea", explica Portilho.

Chip faz a análise da pele artificial desenvolvida em laboratório em Campinas (SP)

Reprodução/CNPEM

A pele artificial 100% brasileira foi desenvolvida em parceria com o setor privado, que deu suporte na tecnologia. No mesmo chip onde é feito a análise de pele, também se pode fazer experiência com minifígado artificial, e uma parede intestinal produzida em laboratório.

"Tudo que é absorvido na pele ou intestino, cai na corrente sanguínea. Isso atinge o fígado, que é a primeira porta para desfechos de toxicidade. A gente não só vai evitar um problema que causou um problema direto, que é visível na pele, mas que pode entrar na circulação e em anos causar um problema maior", completa Ana Carolina.

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Fonte: G1

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