Em outubro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou que a dose fosse testada em humanos. A previsão é que a vacina seja aplicada na população a partir de 2025. UFMG desenvolve pesquisa de vacina contra Covid-19 que pode ser a primeira brasileira
Arquivo pessoal / UFMG / Divulgação
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) abriu, nesta quinta-feira (17), o cadastro para voluntários das fases 1 de 2 dos testes clínicos da SpiN-Tec, a primeira vacina 100% brasileira contra a Covid que está sendo desenvolvida pelo Centro de Tecnologia de Vacinas da universidade.
No dia 3 de outubro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou que a dose fosse testada em humanos.
Nos testes pré-clínicos, a vacina não gerou efeitos colaterais adversos e demonstrou a capacidade de produção de anticorpos. Os exames comprovaram também que a dose é eficaz contra diferentes variantes do vírus, mostrando que houve proteção tanto para os casos de Covid grave quanto no modelo moderado.
Até chegar à última etapa, a SpiN-TEC MCTI UFMG passou por várias e criteriosas fases, como a realização de testes em animais, que confirmaram a eficácia e a segurança do imunizante.
Quais os critérios?
Para participar do recrutamento, a pessoa interessada deve atender aos seguintes critérios:
ser saudável e ter entre 18 e 85 anos
ter recebido as duas doses iniciais de CoronaVac ou AstraZeneca; e uma ou duas doses de reforço com Pfizer (há pelo menos 9 meses) ou AstraZeneca (há pelo menos 6 meses)
residir em Belo Horizonte durante os 12 meses de estudo
não estar grávida nem amamentando
Como se inscrever?
Para fazer o cadastro, os interessados devem preencher o formulário clicando aqui.
Depois que a inscrição for concluída, as pessoas passarão por triagem para a seleção de voluntários e serão submetidas a avaliações clínicas e laboratoriais, conduzidas pelo CTVacinas e pela Unidade de Pesquisa Clínica em Vacinas (UPqVac), instalada na Faculdade de Medicina da UFMG.
Após aplicação da dose, será feito um monitoramento durante de 12 meses. Neste período, a equipe responsável pelos testes clínicos fará ligações para os voluntários para saber como estão se sentindo. Além disso, serão feitas visitas programadas ao centro de pesquisa (UPqVac), onde a dose será aplicada, uma semana após a aplicação e, depois, no período de duas semanas, 28 dias, 90 dias ,180 dias, 270 dias e 360 dias.
Após a conclusão das fases dos testes clínicos, o grupo que desenvolve a SpiN-TEC MCTI UFMG enviará os relatórios do estudo e solicitará autorização para a terceira e última etapa dos testes, que reunirá de 4 a 5 mil voluntários.
A expectativa é que a vacina esteja disponível para aplicação em toda a população a partir de 2025.
Primeira vacina 100% brasileira contra a Covid-19
Segundo o coordenador da pesquisa, Ricardo Gazzinelli, a SpiN-TEC poderá ser a primeira vacina humana totalmente desenvolvida no Brasil. Para a universidade, essa conquista deixa um legado para o desenvolvimento de imunizantes para outras doenças.
O estudo será financiado pela UFMG, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, Fiocruz e Prefeitura de Belo Horizonte.
A previsão é que a dose seja aplicada na população a partir do ano de 2025.
Mais eficiente e mais barata
Além de toda a segurança no processo de testagem, os cientistas garantem que o retorno com a SpiN-TEC é bem efetivo. Isso porque, de acordo com o professor Ricardo Gazzinelli, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB-UFMG), a vacina nacional é mais estável, tem menor custo e é capaz de combater variantes mais fortes da Covid-19.
"Já existem trabalhos mostrando que a resposta das vacinas atuais contra a variante ômicron é pouco efetiva, daí a importância de desenvolvermos novas soluções que ataquem esta e outras variantes. Além disso, a SpiN-TEC tem custo baixo e alta estabilidade. As vacinas que usam RNA precisam ser congeladas a baixas temperaturas, o que dificulta o seu transporte. O imunizante da UFMG pode ser mantido em temperatura ambiente, o que facilita a distribuição para lugares longínquos", disse.
A SpiN-TEC é resultado de uma parceria entre a UFMG, Fundação Ezequiel Dias (Funed), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-MG) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
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