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Primeiro dia de julgamento de Flordelis tem mais de 11 horas de depoimentos e testemunha convocada de última hora

Por PATRICIA em 08/11/2022 às 01:03:22

Além da ex-deputada acusada de matar o marido, o pastor Anderson do Carmo, sua filha biológica Simone dos Santos, a neta Rayane dos Santos; os filhos afetivos André Luiz e Marzy Teixeira também estão sendo julgados. Réus: Marzy Teixeira, ao fundo, Rayane dos Santos, Simone dos Santos (de óculos). À frente, Flordelis e o filho André Luiz

Brunno Dantas/TJRJ

O primeiro dia de julgamento do ex-deputada federal Flordelis, acusada de ser a mandante da morte do próprio marido, o pastor Anderson do Carmo, durou mais de 11 horas e contou com o depoimento de quatro testemunhas na segunda-feira (7), no Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Inicialmente, por causa dos seus extensos relatos, apenas três testemunhas de acusação seriam ouvidas, mas Mariana Jasper, diretora da série documental “Flordelis: questiona ou adora”, ao ser citada em um depoimento, acabou sendo convocada diretamente do plenário para esclarecer a situação.

Além da ex-parlamentar, outros quatros réus começaram a ser julgados nesta segunda: a filha biológica de Flordelis Simone dos Santos, a neta Rayane dos Santos e os filhos adotivos André Luiz e Marzy Teixeira.

Veja quem é quem no julgamento de Flordelis

Caso Flordelis: relembre quem já foi condenado

A morte de Anderson do Carmo ocorreu na noite de 16 de junho de 2019. O pastor foi morto, com mais de 30 tiros, na garagem da casa onde morava com a família, em Pendotiba, Niterói.

Flordelis e Anderson do Carmo

TV Globo

Motivação para a morte

Para a polícia, ele foi morto por questões financeiras, já que controlava o dinheiro da carreira artística de Flordelis, como cantora gospel, e também do Ministério Flordelis, a igreja evangélica administrada pela família.

Denunciada como a mandante da execução, a ex-deputada e missionária responde por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

1° dia de julgamento

Flordelis chegou ao Fórum de Niterói por volta das 8h. No banco dos réus, a missionária chorava muito — sobretudo quando viu parentes na plateia.

A primeira testemunha a ser ouvida no julgamento foi a delegada Bárbara Lomba, responsável por parte do inquérito que investigou a morte de Anderson do Carmo.

O delegado Allan Duarte Lacerda, que concluiu as investigações como titular da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHSG), foi o segundo a depor.

Flordelis durante o primeiro dia de júri

Brunno Dantas/TJRJ

Ele narrou algumas supostas tentativas de envenenamento malsucedidas e que teriam sido promovidas por Marzy Teixeira, filha adotiva de Flordelis. Contou também que houve uma tentativa de contratação de pistoleiros para executar o pastor.

A terceira testemunha a ser ouvida foi Regiane Ramos Cupti. Ela é ex-patroa de Lucas César dos Santos, um dos filhos adotivos de Flordelis também envolvido no crime e já julgado.

Regiane contou como conheceu Lucas e acabou criando laços com ele, que tinha pena do jovem porque sempre andava sujo e maltrapilho e, que após contratá-lo para trabalhar em sua oficina, começou a saber o que acontecia na casa da ex-deputada federal.

Filho afetivo de Flordelis, Lucas Cezar dos Santos de Souza prestou depoimento no Conselho de Ética e Decoro que cassou a parlamentar

Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Uma dessas dinâmicas, segundo a testemunha, era a dos filhos preferidos, os “privilegiados”, que tinham roupas, comida e não trabalhavam na casa da ex-parlamentar, e os dos “escravos”, que trabalhavam, não tinha acesso à comida ou a uma de qualidade inferior e eram maltratados por Flordelis.

Entre os maus-tratos narrados pela testemunha, haveria ainda um taco de beiseball na casa que era usado para ameaçar os filhos que não obedecessem às ordens.

Lucas pertenceria a esse segundo grupo e, segundo relato de Regiane, começou a ser procurado por Flordelis e mais bem tratado para “matar o pastor ou arrumar alguém para matar”.

Regiane também citou que sofreu uma tentativa de atropelamento feita por uma das netas de Flordelis, e que a diretora Mariana Jasper estava no local presenciado tudo.

Convocação de última hora

As defesas dos réus exigiram a convocação de Mariana, que estava no plenário, o que acabou sendo acatado pela juíza Nearis Arce.

No local, Mariana contou que estava no carro com Rafaela, neta de Flordelis, gravando e que a mesma disse que teria que parar comprar mantimentos para levar para a visita da avó. Ela concordou, e olhava pela lente da câmera quando viu Rafaela parar e com cara de assustada, sem, no entanto, fazer qualquer movimento brusco com o carro. À frente, na faixa de pedestre estaria Regiane.

“Como não vi o que aconteceu porque estava trabalhando, filmando. Considero tudo uma grande coincidência, já que não vi nenhum movimento brusco”, disse encerrando a oitiva que se deu apenas sobre o tema.

Ao final, Mariáh Soares da Paixão, uma das promotoras do caso, dispensou a testemunha.

“O MP não tem perguntas e lamenta que a jornalista tenha que passar por essa situação”, disse.

Violência física e sexual

No início da sessão, marcada para às 9h da manhã, mas que só começou às 11, a defesa Flordelis afirmou que vai tentar provar que o pastor Anderson do Carmo praticava violência física e sexual contra a ex-deputada.

"São inúmeras provas. (...) Inclusive, a análise no celular do pastor deixa claro como ele era um predador sexual. Tudo isso está demostrado. Fica bem provado que não há nenhuma prova que vincule os nossos clientes do homicídio cometido", disse o advogado Rodrigo Faucz.

Já o responsável pela defesa da família de Anderson criticou a estratégia dos advogados de Flordelis.

"Ela teve cinco oportunidades para falar isso. Ela nunca narrou isso. Muito pelo contrário. Ela sempre vangloriou o Anderson, que era "o meu tudo". É uma estratégia sorrateira. A prova do processo contradiz tudo o que está alegado", disse Ângelo Máximo.

Antes da sessão, houve o sorteio dos jurados. Entre os 30 pré-escolhidos, foram sorteados sete: quatro homens e três mulheres, que vão acompanhar o julgamento e definir o destino dos réus.

O julgamento tem previsão de durar três dias. Neles, serão ouvidos, ao todo, 30 testemunhas – entre acusação e defesa -, e os cinco réus julgados.

Fonte: G1

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