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No Dia Nacional do Livro, g1 mostra como funciona a produção de histórias em quadrinhos

Por PATRICIA em 29/10/2022 às 08:43:17

Portal conversou com dois quadrinistas de Campinas para entender as especificidades do formato, o ponto de partida das criações e as principais diferenças com obras literárias clássicas. Dia Nacional do Livro: entenda como funciona a produção de uma história em quadrinhos

Pexels

As histórias em quadrinhos (HQs) - modelo literário composto por texto e imagem que busca trazer uma narrativa gráfica - romperam gerações e se tornaram importantes elementos no processo de lazer e aprendizagem de muita gente ao redor do mundo. O formato foi capaz de gerar fenômenos de audiência em obras como "A Turma da Mônica" e produções com selos Marvel e DC Comics.

No Dia Nacional do Livro, celebrado neste sábado (29), o g1 mostra como funciona a produção de histórias em quadrinhos, e, para isso, conversou com dois quadrinistas de Campinas (SP). Veja abaixo:

'Uma planta germinando'

A melhor palavra para explicar como se produz uma história em quadrinhos é: variação. Isso é o que diz o quadrinista de Campinas Mario Cau, co-autor de "Terapia" junto com Rob Gordon e Marina Kurcis. Segundo Cau, a produção de histórias em quadrinhos muda a depender do autor, mas acaba sempre partindo do mesmo princípio: uma ideia.

"Essa ideia pode partir de personagens, pode partir de um momento, pode partir de uma mensagem, né? Se for, por acaso, de uma adaptação literária, por exemplo, você parte do livro original, mas sempre vai ter em mente essa coisa: O que eu quero contar com essa história?", disse.

A partir desse ponto, o processo se torna mais maleável. O desenvolvimento da história possui elementos básico, como o argumento, o roteiro, a ilustração e a edição, mas não são necessáriamentes seguidos em uma ordem específica.

Um exemplo citado por Cau são as diferentes formas pela qual a equipe da Turma da Mônica e da Marvel trabalham. Na primeira, a ilustração parte de um roteiro já aprovado por Maurício de Souza e as chances de modificação na história são mínimas. Já na segunda, há o chamado "Método Marvel", no qual o processo de produção tem início a partir da narrativa visual.

Diego Augusto, autor de O Capitão Sunguinha e idealizador do selo Metabiose Comic, afirma que a parte mais importante da produção de um quadrinho, mais do que saber desenhar, é saber contar uma história através da ilustração.

"Ele é bem específico. Dependendo do traço do artista, ele leva uma impressão [ao leitor]. Um traço mais grotesco você já percebe que é uma história mais suja, talvez mais violenta. Um traço mais limpo, algo um pouco mais leve", afirmou.

Para Cau, o processo é o que ele chama de "uma planta germinando". Ele diz que, como desenhista, acaba pensando muito visualmente na hora de construir um roteiro, transitando de frases, parágrafos e até páginas sobre o que deseja para a sua história antes de começar a desenhar.

"Eu começo de uma semente, então o resultado final ele ainda tem que ter aquilo que era a semente, que era a ideia original, a mensagem original, a proposta da história. Então eu começo desse núcleo e deixo a coisa ir crescendo e e vou fazendo várias leituras e várias reescritas do roteiro até eu achar que está de acordo com o que eu quero contar e esteja suficiente pra poder desenhar", pontuou.

Dia Nacional do Livro: quadrinista Diego Augusto explica como funciona a produção de histórias em quadrinhos

Arquivo pessoal

HQ X Literatura

Assim como os livros, as histórias em quadrinhos trazem diversas ramificações, com histórias de romance, drama, poesia, terror e aventura.

Para Cau, o quadrinho se difere da literatura por encorpar elementos que ela não acompanha. "Pra mim, é mais do que evidente que o quadrinho não é algo do guarda-chuva da literatura, mas sim um guarda-chuva em si, porque tem recursos próprios que a literatura não acompanha. O quadrinho pega recursos da literatura, do cinema, do teatro, da prosa, das artes visuais e traz para uma linguagem própria".

Dia Nacional do Livro: entenda como funciona a produção de uma história em quadrinhos

Mario Cau/Arquivo pessoal

Já Diego Augusto considera as histórias em quadrinhos como um gênero literário de extrema importância, mas que, muitas vezes, acaba sendo reduzido para uma produção voltada ao público infantil.

"Existe um público enorme que consome, mas existe essa ideia geral de que o quadrinho não é literatura, não é sério. E tem quadrinho pra tudo, né? Para todas as idades. É um gênero literário super importante que tem uma abertura para o grande público, mas eles não são tão [financeiramente] acessíveis assim", revelou.

De acordo com o autor, que na infância comprava histórias em quadrinhos em sebos, recentemente houve uma maior produção dos quadrinhos principalmente com a adaptação de filmes, que incentivou o mercado. No entanto, a pouca acessibilidade acaba afastando o interesse de um público mais humilde.

"Tem muita coisa legal para ser lida. O que eu sempre falo é que qualquer pessoa no mundo, com qualquer background, qualquer gosto, qualquer visão de mundo, vai ter um quadrinho que essa pessoa vai gostar", explicou.

*sob a supervisão de Marcello Carvalho

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Fonte: G1

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