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Cooperativas querem movimentar R$ 1 trilhão em 2027

Por PATRICIA em 25/10/2022 às 12:14:14

Valor equivale à soma do PIB anual do estado do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, e se traduz em trabalho, renda e desenvolvimento sustentável para todo o Brasil. Coamo alcançou em 2021 receita anual de R$ 246 bilhões, 23,3% a mais em relação ao ano anterior

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Em 5 anos, o cooperativismo brasileiro pretende gerar R$ 1 trilhão de prosperidade para o Brasil, na forma de trabalho, renda, inovação e oportunidades. A cifra pode parecer ousada, mas só para quem ainda não conhece a pujança do movimento, que contribui para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em diversas áreas. O desafio BRC 1TRI — Brasil Mais Cooperativo 1 Trilhão de Prosperidade foi lançado pelo Sistema OCB, entidade de representação das cooperativas brasileiras, que até 2027 também estimula o setor alcançar a marca de 30 milhões de cooperados em todo país.

“O cooperativismo já mostrou sua capacidade de superar desafios, priorizar as pessoas e preservar o meio ambiente. O Brasil precisa de gente e nós cuidamos de gente. Sabemos ser competitivos sem abrir mão dos nossos princípios e valores”, afirma o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas. O movimento lançado pela organização tem como lema “1 trilhão de prosperidade”, destacando que, além do aspecto financeiro, as cooperativas têm um importante papel de desenvolvimento e distribuição de renda nas comunidades em que atuam.

O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas

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Em 2021, as cooperativas brasileiras movimentaram cerca de R$ 524 bilhões — 26% a mais do que no ano anterior. O ativo total do movimento alcançou a marca de R$ 494 bi, com distribuição de R$ 36 bi em sobras — equivalente a uma participação de resultados repartida de forma equânime entre os cooperados.

“Como cada centavo gerado dentro de uma cooperativa se transforma em qualidade de vida, vamos gerar novas oportunidades para o povo brasileiro. Essas oportunidades aparecem na forma de trabalho, renda, programas de inovação, cursos, projetos sociais, ações de sustentabilidade e investimentos diretos na melhoria das comunidades onde atuamos”, aponta Lopes de Freitas.

Atualmente, o Brasil tem cerca de 18 milhões de cooperados, reunidos em 4.880 cooperativas e gera 493.277 empregos, de acordo com o AnuárioCoop 2022 - Dados do Cooperativismo Brasileiro, do Sistema OCB. O Ramo Agropecuário é o que conta com o maior número de cooperativas: 1.170 ao todo. Já considerando o número de cooperados, o Ramo Crédito é o maior, com 13,9 milhões, mas as cooperativas estão presentes em todos os setores da economia.

“Para que o crescimento de um país seja justo e igualitário, é importante que todos os segmentos da economia cresçam de maneira paralela e articulada. O cooperativismo tem essa característica fantástica: ele é um movimento inclusivo, que coloca na mesma dimensão para o desenvolvimento, pequenos, médios e grandes. Isso dá a esse movimento um diferencial notável, de caráter democrático, permitindo que todos tenham o mesmo acesso aos fatores de desenvolvimento do país”, defende Roberto Rodrigues, embaixador especial da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) para o cooperativismo. Rodrigues é também coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP) e ex-ministro da Agricultura.

Trilhões de oportunidades

Para deixar mais claro o impacto desse R$ 1 trilhão que as cooperativas esperam movimentar até 2027, basta dizer que ele seria equivalente ao PIB anual do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, somados. E como as cooperativas colocam as pessoas e não o lucro em primeiro lugar, parte desses recursos retorna obrigatoriamente para a comunidade, na forma de programas sociais, projetos de sustentabilidade, educação financeira e desenvolvimento sustentável.

Roberto Rodrigues, embaixador especial da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) para o cooperativismo, foi ministro da Agricultura

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“O cooperativismo tem o propósito histórico de contribuir para o avanço social através do desenvolvimento econômico. Portanto, ela tem essa dicotomia que faz a diferença porque, ao promover o crescimento equitativo das diferentes camadas da sociedade, o cooperativismo promove aquilo que é essencial: o bem-estar, a justiça em todos os seus níveis e a expectativa de um futuro melhor. É um movimento notável para trazer esperança para todos porque junta o social e o econômico numa mesma ação”, aponta Rodrigues.

O agro é um dos ramos mais tradicionais do cooperativismo no país, responsável pela produção de itens que abastecem as mesas dos brasileiros — da carne ao cafezinho. Do campo, mais precisamente do interior do Paraná, vem o exemplo da maior cooperativa brasileira do agro, segundo ranking do jornal Valor Econômico e da Revista Exame. Fundada na década de 70, a Coamo alcançou em 2021 receita anual de R$ 246 bilhões. Alta de 23,3% em relação ao ano anterior.

“O modelo associativo do cooperativismo preserva a competitividade dos pequenos agropecuaristas e, também, favorece os grandes, dando segurança em todas as operações da cadeia produtiva. Por isso, entendo que o futuro deve ser de continuidade e expansão do modelo”, aponta o presidente-executivo da Coamo, Airton Galinari.

Com sede em Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná, a Coamo respondeu, sozinha, por 3,1% da produção brasileira de grãos em 2021. A organização conta com 111 unidades localizadas em 73 municípios do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, para recebimento da produção agrícola dos 30 mil associados. A soja é o principal produto, seguido pelo milho, trigo e café. Em 2021, a Coamo exportou US$ 1,384 bilhão de sua produção.

Como uma cooperativa fundada na década de 70 por 79 agricultores, que enfrentavam o desafio de uma terra ácida para a plantação e tinham pouco acesso a tecnologia, chegou a esse patamar, com uma produção de 7,786 milhões de toneladas? Para Galinari, são três principais fatores: a governança, o foco nas ações para o cooperado e a sintonia com as expectativas dos mercados ambiental e econômico.

“Os valores do cooperativismo são os pilares que apoiam o relacionamento entre cooperados e cooperativas. O cooperado é o foco de todas as ações, pois a cooperativa existe para criar oportunidades que ele sozinho não teria acesso. Na cooperativa todos são grandes, pois o ganho de escala nos negócios gera vantagens. Com isso, os negócios são diversificados e mais vantajosos, e são conduzidos por profissionais que entendem de cooperativismo e de mercado”, explica.

Atualmente, a Coamo emprega 8,5 mil funcionários. Eles fazem parte dos 239 mil trabalhadores contratados por cooperativas agropecuárias. Os outros ramos campeões de empregabilidade são saúde (126 mil) e crédito (89 mil). Para fazer o cooperativismo crescer ainda mais em escala nacional, Roberto Rodrigues aponta a necessidade de informar a sociedade sobre a força do movimento, que está muito mais presente na vida da população do que ela imagina. “Informar a sociedade do que é o cooperativismo para que mais cooperativas surjam, com mais gente qualificada e integrada ao sistema”, afirma.

Capital social

Para atingir a meta de R$ 1 trilhão em 5 anos, o Sistema OCB irá apoiar as cooperativas, por meio de suas Unidades Estaduais, a partir de programas com foco em monitoramento, performance e resultados, alinhados a uma estratégia unificada para todo o coop. Rodrigues vê com otimismo o futuro do cooperativismo em função do forte investimento que o Sistema OCB fez nos últimos anos na formação de cooperados e funcionários.

“Em qualquer instituição, segmento ou nação, o que faz a diferença é gente preparada, motivada e capacitada. E isso é o que o cooperativismo brasileiro vem fazendo nos últimos anos em todos os níveis de gestão e organização, com formação de pessoas verdadeiramente aptas a compreender o papel da cooperativa, que é uma empresa, porém, baseada em princípios e valores cuja função não é o lucro, mas o crescimento igualitário dos seus cooperados", define o embaixador da FAO.

O presidente do Sistema OCB explica que chegou a hora do cooperativismo se destacar. “A gente sabia que fazia diferença na vida das pessoas, mas não gostava de fazer muita propaganda disso. Sempre fizemos muito e sempre fizemos tudo muito bem, mas só comunicávamos isso entre nós, cooperativistas, faltava mostrar isso para a sociedade. Agora inauguramos um novo momento do coop. Afinal, nós temos tudo o que o Brasil quer e precisa. Somos inovadores, éticos, trabalhamos com propósito e, além de tudo isso, somos sustentáveis”, defende Márcio Lopes de Freitas.

Assista ao vídeo de lançamento do desafio Brasil Mais Cooperativo — 1 Trilhão de Prosperidade (BRC 1TRi):

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Fonte: G1

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