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Economia do Brasil está mesmo 'pujante' como disse Bolsonaro no 7 de setembro?

Por PATRICIA em 07/09/2022 às 15:16:20

Presidente citou 'recorde de empregos', 'gasolina mais barata' e 'inflação despencando' em Brasília. O presidente Bolsonaro e a primeira-dama do Brasil, Michelle, participam do desfile de 7 de Setembro de 2022

Agência Brasil via BBC

Em seu discurso durante o desfile de 7 de setembro em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou a economia brasileira como "pujante".

"Quando parecia que tudo estaria perdido para o mundo, eis que o Brasil ressurge com uma economia pujante, com uma gasolina das mais baratas do mundo, com um dos programas sociais mais abrangentes do mundo, que é o Auxílio Brasil", disse o candidato à reeleição.

"Com recorde de criação de empregos, com inflação despencando e com um povo maravilhoso, entendendo onde o seu país poderá chegar", continuou.

Mas, afinal, a economia do Brasil está mesmo tão bem quando o presidente afirmou?

Crescimento econômico

Em termos de desempenho econômico, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022 em relação ao trimestre anterior, acima das expectativas dos economistas, que era de uma alta de 0,9%.

Na comparação anual, a alta do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 3,2%, segundo divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início do mês.

Por que a economia cresce mais do que era previsto para o ano e o que esperar para 2023

Com esse resultado no segundo trimestre, o Brasil ocupa o 7º lugar dentro de um ranking de 26 países, segundo levantamento elaborado pela agência de classificação de risco Austin Rating.

Na lista, o país fica a frente de nações como Estados Unidos (24°), Canadá (23°), Reino Unido (20°) e Alemanha (19°), mas atrás de Holanda (1°), Turquia (2°), Arábia Saudita (3°), Israel (4°), Colômbia (5°) e Suécia (6°).

Em termos de previsões futuras, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê crescimento de 1,7% para o PIB brasileiro em todo o ano de 2022, segundo dados de julho.

Esse recorte coloca o Brasil na 16ª posição entre os países do G20, em termos de projeção de crescimento.

Projeção de crescimento do PIB de países do G20

BBC

Gasolina

Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que o Brasil tem "uma gasolina das mais baratas do mundo".

De acordo com o ranking de 168 países elaborado semanalmente pela consultoria Global Petrol Prices, o Brasil tem atualmente a 36ª gasolina mais barata.

A empresa considera o valor médio do litro de gasolina em dólares e comparou os dados mais recentes de todos os países até 5 de setembro.

Segundo a consultoria, a média do litro no Brasil está em US$ 1,019. Para efeito de comparação, o país onde o combustível alcança seu valor mais baixo atualmente é a Venezuela, a US$ 0,022, e o mais alto Hong Kong, a US$ 2,967.

A Global Petrol Prices explica que as diferenças entre os valores do litro da gasolina nas diferentes nações em seu ranking devem-se a vários tipos de impostos e subsídios para o combustível.

Pedro Rodrigues, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), explica que as variáveis que influenciam de forma mais robusta o preço da gasolina no Brasil atualmente são o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a taxa de câmbio, já que a commodity é cotada em dólares.

Mas além dos preços no mercado internacional, existem outros fatores que podem influenciar o preço dos combustíveis, ainda que de maneira mais sutil.

Segundo Rodrigues, vale citar os tributos — tais como PIS/Cofins e ICM — e o percentual de mistura do etanol na gasolina.

É justamente a política tributária do governo brasileiro, somada ao real em valorização frente ao dólar, que está fazendo com que o preço caia mais no Brasil do que em outros países.

"Além de ter a queda no preço global do petróleo, o Brasil aplicou uma política que reduziu ainda mais a alíquota tributária, reduzindo também o preço final dos combustíveis. Por isso que, em termos percentuais, o preço por aqui caiu mais que em outros países", explica o sócio-diretor do CBIE.

Desemprego

O presidente também citou um "recorde de criação de empregos".

O país registrou, no mês de julho, um estoque de 42,2 milhões de empregos formais. Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho mostram que esse valor é o recorde da série histórica do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Segundo o Ministério do Trabalho, o estoque de empregos formais é o número total de vínculos com carteira assinada ativos contabilizados a partir da declaração do Novo Caged. Esses números não incluem servidores públicos e trabalhadores autônomos mesmo com CNPJ.

Em termos de novos empregos, o Brasil criou 218,9 mil empregos com carteira assinada no mês e 1,6 milhão de vagas de emprego formal de janeiro a julho de 2022.

Já segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada no final de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação caiu para 9,1% no trimestre encerrado em julho, o que representa uma queda de 1,4 ponto percentual na comparação com o trimestre terminado em abril. O índice se igualou com o menor da série desde dezembro de 2015.

Desemprego recua para 9,1% em julho, mas número de informais é recorde

Inflação

Já quando se trata da queda da inflação, na variação mensal de junho para julho, o Brasil registrou uma deflação de 0,68% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), segundo o IBGE.

A queda aconteceu, porém, após seguidos aumentos nos níveis de inflação. No acumulado dos últimos 12 meses, por exemplo, a inflação no país é de 10,07%, mesmo com a queda registrada em julho.

Nesse recorte, o Brasil apresenta a 4ª maior taxa de inflação entre os países do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, segundo dados do início de agosto da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

No grupo, o país só perde para a Turquia, que acumula inflação de 79,6% nos últimos 12 meses, e para a Argentina e Rússia, com taxas de 71% e 16,7%, respectivamente.

Quando considerada a inflação geral do G20 nos últimos 12 meses, de 9,25%, a taxa brasileira também é superior.

Já em termos de previsões futuras, o Boletim Focus divulgado na segunda-feira (05/09) mostrou continuidade do movimento de melhora das expectativas de inflação para este e o próximo ano.

Para 2022, a estimativa para alta do IPCA — índice de inflação oficial — foi reduzida pela 10ª semana seguida, de 6,70% para 6,61%. Há um mês, a projeção era de 7,11%.

Em relação a 2023, a mediana recuou pela terceira semana consecutiva, de 5,30% para 5,27%, contra 5,36% quatro semanas antes.

As taxas continuam indicando, porém, que o Banco Central (BC) deve estourar por três anos consecutivos sua meta, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%.

O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.

- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62827344

Fonte: G1

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