Alisson era monitorado por tornozeleira eletrônica desde que foi preso, há cerca de um mês, por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. À época, agentes da 27ª DP encontraram um revólver calibre 40 com numeração raspada embaixo da cama de Alisson, que estava sob investigação. "Ele foi preso e, na delegacia, desacatou os policiais. Pedimos a (prisão) preventiva, mas ele foi solto (pela Justiça) na audiência de custódia, que determinou o uso de tornozeleira eletrônica", detalhou o delegado-adjunto da 27ª DP, Diogo Carneiro de Oliveira.
No domingo (7/8), após cometer o crime, Alisson quebrou o item de monitoramento e fugiu. Nessa segunda-feira (8/8), a mãe de Deisielle afirmou ao Correio que não comentaria o caso.
Na avaliação de Ana Paula Penante, pesquisadora de direitos da sexuais e reprodutivos pela Universidade de Brasília (UnB), o ciclo de violência contra as mulheres se perpetua, principalmente, em virtude de uma sociedade estruturalmente machista. Apesar dos avanços na legislação e nos serviços de acolhimento das vítimas, a especialista considera que a questão não está entre as prioridades a serem combatidas coletivamente.
“Na maior parte das vezes, as pessoas entendem a violência como uma questão individual. Também há um constrangimento da mulher em buscar ajuda. Ela tem medo de assumir uma condição frágil, de ser uma vítima. Outro fator que mantém esse ciclo é a dependência econômica: uma mãe pode não ter condições de prover para a família ou, mesmo com condições, sente-se deslegitimada na condição de trabalhadora”, observa Ana Paula Penante.
Além disso, a pesquisadora destaca uma consolidação de pensamentos misóginos — de ódio ou aversão às mulheres — na atualidade. “Isso faz com que os homens se sintam no poder, para tirar a vida ou violentar as companheiras porque se sentem superiores. Enquanto sociedade, precisamos fortalecer os espaços femininos, de acolhimento a elas. E, também, é importante destacar que a violência não nasce só de forma física nem com feminicídios. Essa superioridade é firmada cotidianamente”, destaca.
O delegado Diogo Carneiro lamenta a morte de Deisielle e encoraja as mulheres em situação de violência doméstica a denunciarem os abusos. "A partir do momento em que sofre qualquer tipo de violência — física, moral, verbal, patrimonial, psicológica —, a vítima pode ir à delegacia registrar ocorrência e pedir medida protetiva", orienta o investigador.
CARLOS SILVA*
Também no domingo, Andreza Farias Santiago, 22 anos, morreu assassinada com um tiro, na Cidade Estrutural, baleada por Romberg Farias Santiago, 40, amigo do namorado da vítima, Júlio Cézar Gonçalves, 18. O crime ocorreu de madrugada, no dia em que a jovem comemorava o aniversário. Até a mais recente atualização desta reportagem, à 0h20 desta terça-feira (9/8), o suspeito estava foragido, e não havia informações sobre o sepultamento de Andreza, que deixa uma filha de 2 anos.
Antes de ser assassinada, a jovem havia pegado emprestada a moto de Romberg, o que teria provocado ciúme em Júlio Cézar e levado os três a uma discussão. O trio teria bebido e, segundo as investigações, após ser ofendido pela vítima, o acusado buscou uma arma em casa e atirou no rosto dela. A jovem foi atendida pelos bombeiros, que tentaram reanimá-la por cerca de 40 minutos, e levada em estado grave para o Hospital de Base. Inconsciente, com parada cardiorrespiratória e sangramento no ouvido, ela não resistiu.
Andreza e Júlio Cézar estavam juntos havia cerca de dois meses. A 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural) apura detalhes do crime, tratado como homicídio duplamente qualificado, por pretexto fútil e provocado sem chance de defesa da vítima. "Não havia motivação. E, com esses agravantes, ele (o suspeito) pode pegar a pena máxima", comentou o delegado-chefe, Gustavo Guerreiro.
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*Estagiário sob a supervisão de Jéssica Eufrásio
Fonte: Correio Braziliense