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Noivos dizem que foram lesados por empresa de casamento no Rio

Por PATRICIA em 02/07/2022 às 16:32:17

Mesmo tendo pago pela realização dos casamentos pela empresa Bluemoon, as cerimônias não foram feitas, dizem. "[Os fornecedores] já tinham feito nosso bolo, já tinham feito nossos doces, já tinham feito tudo pra gente. Mas não foram pagos", diz um dos noivos, com casamento marcado para este sábado (2), que pagou R$ 50 mil pelo evento. Comunicado da empresa Bluemoon divulgado em redes sociais pedindo desculpas aos clientes

Reprodução

Clientes da empresa Bluemoon, especializada em celebrações no Rio de Janeiro, reclamam que foram lesados. Eles afirmam que, mesmo tendo pago pela realização dos casamentos, as cerimônias não foram feitas.

O caso foi publicado pela coluna de Ancelmo Gois, no Globo.

Em nota, a empresa afirma que enfrentou dificuldades com os reagendamentos de festas por causa da pandemia e os reajustes de fornecedores. E informa que está "se esforçando ao máximo cumprir com todos os serviços contratados pelos nossos casais e clientes".

Entre as vítimas estão o casal Júlia e Lucas Valente. Eles estavam com o casamento marcado para este sábado (2) e descobriram três dias antes que alguns fornecedores não tinham sido pagos.

O casal pagou R$ 50 mil para a empresa Bluemoon no ano passado para organizar a festa.

"Quinta-feira nós recebemos uma ligação da nossa cerimonialista dizendo que ela entrou em contato com alguns fornecedores e descobriram que eles não foram pagos ainda", conta o engenheiro de software Lucas Valente. "Então, aí começou o desespero. A gente entrou em contato. Ligamos mais de 60 vezes e não tivemos nenhuma resposta deles."

Em troca de mensagens com um dos sócios da Bluemoon nesta sexta-feira (1), ele cobrou os contratos e comprovantes de pagamento. O sócio afirmou que a casa estava confirmada e que "estavam correndo com a decoração", mas que o buffet, estimado em R$ 24 mil, teria que ser pago por fora.

Lucas insistiu em pedir os comprovantes de pagamento do que havia contratado e perguntou se eles iriam cumprir a parte deles no contrato. Não teve mais resposta.

Para fazer a festa, os noivos pagaram por fora os fornecedores.

"Foi uma situação inacreditável, a gente ficou em pedaços, e ontem tivemos que fazer um milagre. Graças à nossa família, nossos amigos, a ajuda deles, a gente conseguiu fechar por fora com os mesmos fornecedores", explicou. "Porque o bolo, por exemplo, eles já tinham feito nosso bolo, já tinham feito nossos doces, já tinham feito tudo pra gente. Mas não foram pagos. Então, nada garantia que a gente realmente teria nosso casamento hoje. O que a gente fez, então, foi ontem, depois do susto, de tanto choro da notícia, a gente decidiu fechar tudo por fora. Fechamos tudo por fora. Então acabou que gastamos até mais do que o preço que pagamos com a Bluemoon."

"É triste. E a gente só vai seguir com nosso casamento hoje por conta dos nossos familiares e amigos que nos amam tanto e todo mundo se prontificou a nos ajudar porque se dependesse da Bluemoon a gente não teria nada."

Lucas e Júlia não estão sozinhos nessa agonia. Um grupo em um aplicativo de mensagens foi criado com 250 participantes.

Nesse grupo também estão a Carolina e o Gustavo. Eles fecharam contrato com a Bluemoon no ano passado e vão se casar em outubro. Preocupados depois que souberam dos vários casos de calote, eles, sem sucesso, tentam falar com a empresa.

"Eu tentei entrar em contato com os donos, né? Porque, quando eu entrei em contato com a cerimonialista da Bluemoon, ela me respondeu que eles falaram para que os representantes do cerimonial não falassem com os clientes, com os noivos, que eles iriam falar com noivo a noivo. E eles não entraram em contato com a gente, não atenderam nossas ligações, [não] responderam nossas mensagens", contou a analista Carolina Fires Resende.

Nas redes sociais, fornecedores avisam que vão romper contrato com a Bluemoon.

A decoradora Andrea Ramos foi contratada para um casamento realizado ontem. Ela disse que somente pouco mais da metade do valor pelo serviço foi pago.

"Falta em torno de, entre 10 e 11 mil [reais]. Eu só recebi uma parte do valor da decoração porque o casamento aumentou o número de convidados e eles tinham um extra pra pagar pra Bluemoon. Automaticamente, a cerimonialista fez uma manobra para que o pagamento desse excedente fosse direcionado pra parte da decoração, pra gente adiantar algumas reservas e algumas coisas, porque os pagamentos estavam acontecendo muito em cima da hora", contou Andrea.

Reclamações na internet

Na manhã deste sábado (2), havia cinco reclamações contra a empresa no site "Reclame aqui" - a maioria relacionada a eventos já pagos e sem perspectiva de realização.

Também havia reclamações de fornecedores e de pessoas que trabalharam em eventos realizados pela firma mas não foram pagos.

Uma das noivas prejudicadas mora na Europa.

"Como muitas noivas da Bluemoon, eu sou mais uma que estou com 80% do meu casamento pago para Dezembro e pelo o que parece o grupo não irá cumprir com o contrato. Eu moro na Irlanda e fechei meu contrato com eles no ano passado para dia 30.12.22. Como a família do meu noivo mora na Itália, essa seria a única data disponível para podermos reunir a nossa famílias e nossos amigos para o nosso momento tão sonhado e planejado com muita amor e esforço".

Ela prossegue:

"Porém, aproximadamente há três semanas esse sonho se tornou uma dúvida quando a nossa cerimonialista nos informou que havia rumores de que a empresa não estaria pagando os fornecedores... Ontem a bomba estourou. Mandei mensagens e não me responderam. Um outro sócio só me respondeu dizendo que espera que um dia possamos perdoá-lo. Como? Perdoar uma pessoa que esta destruindo sonhos?"

Também no "Reclame aqui", uma outra noiva contou sua situação:

"Fechamos o contrato no ano passado. Há pouco mais de um mês, fizemos um último pagamento para adicionar mais convidados. Depois que enviamos os comprovantes, não tivemos mais respostas da empresa. Desapareceram e não comunicaram nada. Só ficamos sabendo dos acontecimentos porque nossa cerimonialista nos avisou".

Em seu site, a Bluemoon se autodenomina como a maior empresa de celebrações do Brasil. Ainda no site, a firma garante fazer seus eventos em nove espaços famosos no Rio e dois em São Paulo.

O dono de uma casa de festas e empresário que falou com o g1 foi abordado pela Bluemoon para anexar seu negócio à empresa. No entanto, ele optou por não aceitar a proposta.

"Achei estranho eles estarem com tantas casas de festas durante a pandemia, quando o setor estava em plena crise. Pensei bastante e, no fim, decidi recursar a proposta".

O g1 entrou em contato com a Polícia Civil para saber se já havia alguma investigação sobre a situação. A assessoria de imprensa da instituição afirmou que precisaria do número do registro ou dos nomes das vítimas para fazer uma busca e informar se há alguma investigação em andamento.

O que diz a Bluemoon

O g1 também entrou em contato com um dos sócios da Bluemoon. Ele enviou um posicionamento da empresa, em que afirma que enfrentou dificuldades com os reagendamentos de festas por causa da pandemia e os reajustes de fornecedores.

Veja a íntegra do comunicado.

"A bluemoon vem a público responder oficialmente sobre as notícias e matérias que estão saindo sobre a empresa nos últimos dias.

Somos uma empresa de eventos, com 5 anos de atuação, e que se especializou no mercado de casamentos. Não existe nenhuma outra atuação da empresa, que não seja apenas eventos. A informação sobre pirâmide é falsa, e nem sequer condiz com o ramo de atuação da empresa.

Em 5 anos, a empresa cresceu e se destacou no mercado de casamentos do Rio, chegando a ter mais de 10 espaços de eventos sob sua gestão, entre eles as principais casas de festas da cidade. Vale ressaltar que os espaços hoje administrados pela bluemoon, não são próprios, são espaços alugados ou em parceria com seus proprietários. Espaços esses que fizeram história no mercado de eventos da cidade, e que seus nomes, suas histórias e suas tradições são infinitamente maiores e mais importantes do que o nome e a história da bluemoon.

Assim como todo o restante do mundo, passamos e sofremos com a pandemia do coronavírus. Fomos um dos primeiros segmentos a fechar e o último a ser autorizado a voltar com suas operações, mas decidimos passar por toda essa situação de cabeça erguida, prezando pela saúde e sustento dos nossos colaboradores, e pela paz dos nossos casais e clientes, que foram obrigados a reagendar seus casamentos. Foram quase 100 casamentos reagendados, alguns deles 2 ou 3 vezes.

Com o retorno dos eventos, e o altíssimo volume de festas semanais, em média 8 festas por final de semana, alguns desafios começaram a aparecer, o principal deles, o reajuste nos valores dos contratos que foram fechados antes e durante a pandemia. Mesmo com as dificuldades, a bluemoon veio cumprindo com todos os seus eventos, se esforçando ao máximo cumprir com todos os serviços contratados pelos nossos casais e clientes. Foram quase 300 eventos realizados só neste primeiro semestre de 2022.

As últimas semanas têm sido ainda mais desafiadoras para a empresa, sendo a última semana ainda mais difícil com a decisão de fornecedores e prestadores de serviço de emitirem comunicados onde afirmavam que não prestariam mais nenhum serviço para a bluemoon, o que naturalmente gerou um grande abalo em nossos clientes, e consequentemente gerou todas as últimas matérias e reportagens, que nos pegaram totalmente de surpresa, principalmente pela quantidade de inverdades citadas.

Estamos em tempos difíceis, não podemos de maneira nenhuma negar essa realidade, e sabemos que nossos casais e clientes estão sofrendo ainda mais que nós, com todas essas inseguranças e incertezas, e são para eles e para seus familiares, todas as nossas mais sinceras desculpas por todo esse transtorno."

Fonte: G1

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